
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) assumiu maior protagonismo no bolsonarismo após a prisão do pai, mas tem enfrentado dificuldades para consolidar liderança dentro do partido. Aliados afirmam que o ele tem patinado nas articulações sobre a anistia de Jair Bolsonaro e nas conversas sobre alianças para 2026, gerando dúvidas sobre sua capacidade de comandar o bloco político, segundo o jornal O Globo.
O primeiro conflito ocorreu quando Michelle Bolsonaro, presidente do PL Mulher e madrasta de Flávio, criticou publicamente uma possível aliança da sigla no Ceará com Ciro Gomes. A reação abriu crise interna, levando Flávio a desautorizá-la, com apoio dos irmãos Eduardo e Carlos. Mesmo assim, a articulação foi suspensa, o que aliados viram como vitória da ex-primeira-dama.
Flávio também enfrenta resistência de líderes do Centrão, que preferem Tarcísio de Freitas (Republicanos) como candidato da direita em 2026. Enquanto o senador tenta adiar essa definição, dirigentes de partidos como PP e União Brasil reclamam da “falta de bom senso e de estratégia” e defendem que a prioridade seja formar grandes bancadas no Congresso.
Paralelamente, há disputa sobre o formato de uma eventual anistia para Bolsonaro. Flávio defende uma proposta ampla, mas dialoga com partidos que preferem redução de penas. A situação se agravou quando Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), citou uma vigília organizada por ele como um dos elementos que justificaram a prisão preventiva do ex-presidente.

O ministro escreveu que o senador usou “o mesmo modus operandi (…) da organização criminosa que tentou um golpe de Estado”. Após a decisão, Flávio afirmou em live que “querem enterrar todos os Bolsonaros vivos”, mas adotou postura mais cautelosa e negou ser candidato à Presidência, indicando preferência pela reeleição ao Senado.
Mesmo assim, seu nome passou a circular como opção, inclusive citado por Eduardo Bolsonaro. Líderes do PL dizem que a discussão só será resolvida “no momento certo”, nas palavras de Rogério Marinho.
No Congresso, Flávio tem acumulado derrotas. Mesmo presidindo a Comissão de Segurança, ficou de fora de papéis centrais, como a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado e a relatoria do PL Antifacção, entregue a outros parlamentares.
Integrantes do União-PP afirmam que, apesar das dificuldades com Eduardo, mantêm diálogo com Flávio, que segue participando das articulações sobre 2026.
O senador é o único dos irmãos mais velhos que, até agora, não foi alvo direto de investigação no STF. Eduardo virou réu por coação no curso do process, e Carlos foi indiciado em apuração sobre a Abin paralela. A principal investigação envolvendo Flávio, o caso das “rachadinhas”, perdeu força após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anular quebras de sigilo, resultando no arquivamento.