
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) voltou a distorcer o uso da sigla “CPX”, referente a “complexo”, para atacar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais. Em publicação feita nesta quinta-feira (30), o parlamentar afirmou que Lula seria “idolatrado” em comunidades dominadas por traficantes, enquanto o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seria “fuzilado”.
A declaração foi acompanhada da foto de um fuzil, supostamente apreendido durante a megaoperação policial deflagrada na última terça-feira (28) no Rio de Janeiro. Na imagem, é possível ver uma bandoleira com a sigla “CPX” bordada.
“Para que todos entendam a diferença entre Lula e Bolsonaro: se Lula entrar numa comunidade dominada por traficantes armados de fuzil será idolatrado, se for o Bolsonaro, será fuzilado!”, escreveu o senador.
Para que todos entendam a diferença entre lula e Bolsonaro: se lula entrar numa comunidade dominada por traficantes armados de fuzil será idolatrado, se for o Bolsonaro será fuzilado!
Foto: fuzil com a sigla “CPX” apreendido na última operação policial no complexo do Alemão. pic.twitter.com/QU6JkqEL8Q
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) October 30, 2025
A postagem faz referência ao boné usado por Lula em 2022, durante uma visita a comunidades do Rio de Janeiro. O acessório, que também trazia a sigla “CPX”, foi um presente de Camila Moradia, líder do movimento de moradia do Complexo do Alemão, e de outras lideranças locais.
Na época, o termo foi alvo de interpretações distorcidas por parte de opositores do então candidato, que afirmaram, sem provas, que a abreviação significava “cupincha”, em referência a “parceiro de criminoso”.
O próprio Flávio Bolsonaro foi um dos responsáveis por divulgar a informação falsa nas redes sociais, associando a sigla ao crime organizado. Lideranças comunitárias, por outro lado, explicaram que “CPX” é uma abreviação popular e amplamente usada para designar “complexo”, em referência a conjuntos de favelas do Rio, como o Complexo do Alemão e o Complexo da Penha.

A nova provocação ocorre dois dias após a megaoperação contra o Comando Vermelho, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro. A ação deixou uma chacina com 119 mortos, segundo dados oficiais, incluindo quatro policais, dois civis e dois militares.
O governo do estado afirmou que a operação teve como objetivo desarticular a estrutura do Comando Vermelho, principal facção do tráfico no Rio, e apreender fuzis utilizados por criminosos.
De acordo com o governador Cláudio Castro (PL), o resultado foi considerado um “marco histórico” no combate ao crime organizado. “Foi um dia de enfrentamento, e quatro heróis tombaram diante de narcoterroristas”, declarou o governador após a operação.
A ofensiva, batizada de Operação Contenção, envolveu cerca de 2,5 mil agentes das forças de segurança, incluindo policiais civis e militares. As equipes cumpriram mandados de prisão e de busca e apreensão nos complexos do Alemão e da Penha, na zona norte da capital.
De acordo com as autoridades, o foco foi atingir os principais chefes do tráfico de drogas no estado e interromper rotas usadas para o transporte de armas e entorpecentes.