
O estado da Flórida anunciou planos para se tornar o primeiro nos EUA a eliminar todas as suas exigências de vacinação, incluindo as doses obrigatórias contra doenças como poliomielite para estudantes de escolas públicas. A iniciativa foi anunciada nesta quarta-feira pelo cirurgião-geral da Flórida, Joseph Ladapo, que comparou as vacinas obrigatórias à “escravidão”.
“Quem sou eu para dizer o que seu filho deve colocar no corpo? Não tenho esse direito. O corpo é um presente de Deus”, afirmou Ladapo durante a coletiva.
Apesar de prometer o fim completo de todas as exigências, o governo ainda não detalhou o cronograma ou os procedimentos para implementar a medida. Algumas vacinas só poderiam ser revogadas mediante votação na Assembleia Legislativa, controlada pelos republicanos, enquanto outras dependem da decisão do Departamento de Saúde do estado.
A proposta recebeu críticas de médicos e grupos de saúde, que apontam que Ladapo tem espalhado desinformação sobre vacinas. A deputada democrata Anna Eskamani chamou o plano de “irresponsável e perigoso”, alertando para um possível desastre de saúde pública na Flórida.
Atualmente, estudantes do estado precisam ser imunizados contra catapora, hepatite B, sarampo, caxumba e poliomielite. Segundo a Organização Mundial da Saúde, vacinas salvaram pelo menos 154 milhões de vidas nos últimos 50 anos, a maioria de crianças. Nos Estados Unidos, o CDC (Center for Disease Control and Prevention, que em português é Centro de Controle e Prevenção de Doenças) estima que imunizações infantis evitam cerca de quatro milhões de mortes por ano em todo o mundo.
Em reação à postura da Flórida e de outros estados republicanos, governadores de Washington, Oregon e Califórnia, liderados por democratas, anunciaram uma aliança para coordenar políticas de saúde, incluindo vacinas, ignorando mudanças recentes promovidas pelo governo Trump e decisões de autoridades como o secretário de Saúde Robert F. Kennedy Jr., crítico da imunização infantil.
Eles afirmaram que a medida federal “desmantela” o CDC e reforçaram que seguirão diretrizes de organizações médicas nacionais, mantendo a vacinação obrigatória para crianças.