“Fofoqueira” ou “jornalista corajosa”? Quem é a mulher mais poderosa da França

Atualizado em 27 de outubro de 2014 às 11:38
Laurence Pieau
Laurence Pieau

 

O presidente da França, François Hollande, tem lidado com o aumento do desemprego e o avanço da extrema direita. Mas, desde a semana passada, esse se tornou seu menor problema.

A responsabilidade é de uma mulher chamada Laurence Pieau, editora da revista de fofocas Closer. Foi ela quem publicou as fotos célebres de Hollande com sua suposta amante, a atriz Julie Gayet.

Desde que deu a matéria de sete páginas contando a história dos encontros de Hollande e Gayet, Laurence está sendo chamada de “vadia” a “velha rica ocupada em chafurdar no lixo alheio”.

Laurence, segundo o jornal Sunday Times, se parece com uma “cartomante”, com unhas pintadas de preto, cabelos loiros, sombra negra nos olhos e joias pesadas. Sua idade é um mistério, mas especula-se que que tenha passado a barreira dos 50.

Ela se defendeu das acusações de ter atropelado a ética. “A história do caso é conhecida de várias pessoas em Paris. Muitos repórteres de política sabem disso. Não é diferente de quando demos as imagens dos primeiros encontros de Hollande com sua atual namorada, Valérie Trierweiler”.

É a primeira vez que o suposto affair de um presidente francês vai parar na imprensa. Laurence trouxe à mídia local o sensacionalismo dos tabloides ingleses. Não é uma novata nisso. Foi a Closer que deu as fotos da princesa Kate Middleton de topless em 2012.

Um antigo colaborador afirma que, aos olhos de Laurence, a vida sentimental dos políticos deve ser tratada da mesma maneira que a das outras pessoas: sem privacidade e sem misericórdia. Laurence começou a aparecer nos anos 90, na revista Le Figaro e depois na Voici. Depois de lançar algumas publicações sem muito sucesso, foi parar na Closer em 2005. Em 2012, vendia 393 mil cópias por mês. É a líder do segmento.

Julie Gayet está processando a publicação, pedindo mais de 50 mil euros de indenização. “Eu fiz o meu trabalho como jornalista”, disse Laurence. “Eu procuro reportagens exclusivas e essa era uma delas. Do meu ponto de vista, fiz o meu trabalho”.

Recebe emails e telefonemas com xingamentos pesados. Ameaças de morte são encaminhadas à polícia. Ela admite que trabalha no limite das leis de privacidade rigorosas da imprensa francesa.

A Closer está vendendo, mas os franceses continuam amando ou desprezando Hollande por outros motivos. Numa pesquisa recente, apenas 47% deles disse que o adultério é moralmente inaceitável, o índice mais baixo entre 39 países.Quatro de dez pessoas acham que isso não é um problema moral.

No caso específico do presidente, 77% pensam que o possível relacionamento com Gayet é um assunto que só diz respeito a ele, enquanto 23% consideram uma questão pública.

Laurence Pieau declarou recentemente que não se arrependia de nada. “Além de tudo, estou aprendendo o significado de novas ofensas todos os dias”, diz.

 

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