Fogo no parquinho: Eduardo é humilhado por Nikolas após Trump tirar sanção de Moraes

Atualizado em 13 de dezembro de 2025 às 12:48
Eduardo Bolsonaro e Nikolas Ferreira. Foto: reprodução

A revogação das sanções impostas pela Lei Global Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinada pelo presidente Donald Trump após negociações diplomáticas com o governo Lula (PT), instalou um clima de “barata voa” na extrema-direita. O episódio escancarou o racha entre dois de seus principais expoentes: o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), que passou a se apresentar como alternativa de liderança após impor uma derrota política e simbólica ao filho do ex-presidente.

Eduardo vinha se colocando como principal articulador internacional do bolsonarismo, apostando na pressão externa como forma de constranger o STF e evitar o avanço das condenações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com o fim das sanções, a estratégia ruiu.

Em reação, Eduardo divulgou uma nota pública em tom de ressentimento, na qual transferiu a responsabilidade pelo fracasso à base bolsonarista no Brasil. Segundo ele, a decisão de Trump teria sido consequência direta da falta de engajamento interno.

“Lamentamos que a sociedade brasileira, diante da janela de oportunidade que teve em mãos, não tenha conseguido construir a unidade política necessária para enfrentar seus próprios problemas estruturais. A falta de coesão interna e o insuficiente apoio às iniciativas conduzidas no exterior contribuíram para o agravamento da situação atual”, escreveu Eduardo, em texto assinado ao lado do influenciador Paulo Figueiredo, neto do ex-ditador João Baptista Figueiredo.

A declaração caiu como gasolina no incêndio. Horas depois, Nikolas reagiu publicamente, iniciando o que aliados classificaram como uma disputa explícita pela liderança do bolsonarismo. O deputado mineiro acusou Eduardo de distorcer os fatos e de tentar se eximir da responsabilidade pelo fracasso da ofensiva internacional.

“Atribuir ao povo brasileiro ou aos parlamentares a responsabilidade por uma decisão geopolítica tomada pelos Estados Unidos não é apenas um erro de análise – é uma fraude intelectual”, escreveu, desmontando o argumento do colega e apontando inconsistências na narrativa construída pelo filho “03” do ex-presidente.

Na sequência, o político apelidado na web de “chupetinha” atacou diretamente o fato de Eduardo estar fora do país, sugerindo que o deputado se refugiou nos Estados Unidos enquanto aliados permaneceram expostos às consequências políticas e judiciais no Brasil. “Trata-se de uma tentativa conveniente de simplificar um cenário complexo, deslocando injustamente a responsabilidade para quem, na prática, tem enfrentado pressões e riscos reais dentro do país”, afirmou.

O parlamentar mineiro elevou o tom ao acusar Eduardo de agir com “perversidade” ao responsabilizar militantes e congressistas bolsonaristas que continuam atuando no Brasil:

“Quem acompanha minimamente a realidade sabe que há, no Brasil, gente pagando um preço alto por enfrentar a tirania instalada. Apontar o dedo para esses é mais do que injusto: é perverso. Sou testemunha do árduo trabalho dos meus colegas parlamentares na busca pela liberdade do país, contra os abusos do judiciário e do governo petista”.

No trecho final, Nikolas fez um ataque direto à credibilidade política de Eduardo Bolsonaro, encerrando o embate com uma mensagem interpretada nos bastidores como uma tentativa clara de assumir o protagonismo do campo extremista.

“O país não precisa de bodes expiatórios nem de narrativas infantis. Precisa de lucidez, caráter e união. Dividir o povo e quem os representa é o último recurso de quem já perdeu qualquer compromisso com a verdade. Unir-se, neste momento, não é opção retórica – é condição de sobrevivência moral e política”.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.