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Foi feita justiça no futebol (não, não estou falando da Portuguesa)

Simunic faz a saudação fascista

 

Foi feita justiça no futebol. Não, não estou falando do caso Portuguesa e Fluminense.

A Fifa suspendeu o zagueiro croata Josip Simunic por dez jogos. Com isso, ele está fora da Copa do Mundo.

Em novembro, depois da vitória da Croácia sobre a Islândia por 2 a 0, garantindo a vaga no mundial, Simunic pegou um microfone e cumprimentou os torcedores com palavras de ordem do partido fascista Ustase, aliado dos nazistas na Segunda Guerra Mundial e responsável pela perseguição e morte de sérvios, ciganos, judeus e de quem não fosse da raça pura.

“Za dom!” (“Pela pátria!”), dizia ele. “Spremni!”, respondia a galera, animada. Depois da guerra, esse pessoal fugiu para países como Argentina e Austrália (onde Simunic nasceu). Simunic foi denunciado pelo ministro dos esportes da Croácia, além de entidades de direitos humanos. Não adiantou argumentar que associava o cântico a “amor, carinho e luta”.

Além das partidas, foi multado em 30 mil dólares e proibido de entrar em estádios. A Fifa agiu de maneira rápida e surpreendentemente severa. Times e torcidas racistas devem começar a pensar melhor antes de atirar bananas e imitar macacos em campo? Pode ser um começo.

(Enquanto isso, no Brasil, a Lusa é remetida à série B e o Fluminense fica onde estava. Decisão unânime no STJD. A palhaçada da última edição do campeonato brasileiro continuou nos gabinetes da entidade. Cujo presidente, aliás, é Flavio Zveiter. E cujo escritório de advocacia da família presta serviços à Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio, presidida por um cartola do Flu, Wagner Victer. Deveria ser impedimento?

Num artigo no Globo intitulado “Tentativa de Golpe contra o Fluminense”, Victer se desculpava por manifestar sua paixão pelo clube. “Acho que seria negação da própria vida, pois mesmo a nuvem que exterminou os dinossauros que, da sua forma, amavam suas crias e que demonstravam da maneira mais primitiva seus sentimentos, não fez com que perdêssemos a admiração por eles.” É isso. Os dinossauros dominaram o futebol).

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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