“Foi mal, tava doidão”: Cláudio Castro liga para Gleisi e se desculpa por atacar Lula

Atualizado em 28 de outubro de 2025 às 17:37
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e o presidente Lula. Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Após acusar o governo federal de não apoiar as operações policiais do Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) fez uma ligação para a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, para pedir desculpas e dizer que não teve a intenção de criticar o presidente Lula. Faltou apenas o bolsonarista repetir o clássico “foi mal, tava doidão”, clichê que costuma ser dito para consertar uma declaração desastrosa.

Durante a conversa, ele disse que solicitou o empréstimo de blindados para a operação, mas que seus pedidos não foram atendidos.

Segundo o blog de Valdo Cruz no g1, Castro revelou que foi informado pela equipe do governo federal que, sem um pedido oficial de GLO (Garantia da Lei e da Ordem), não seria possível liberar os blindados para a operação. O mecanismo necessário é para que as Forças Armadas possam atuar no apoio à segurança pública, algo que, segundo o governador, não foi solicitado por ele em nenhum momento.

A tentativa de explicar sua postura aconteceu após declarações públicas em que ele afirmava que o Rio estava “sozinho” no combate ao crime organizado, especialmente durante a megaoperação contra o Comando Vermelho, realizada nos complexos do Alemão e da Penha.

A operação, que resultou em 64 mortos, incluindo quatro policiais, e 81 prisões, foi a mais letal do Rio de Janeiro, e o governador, em entrevista, expressou frustração por não ter recebido apoio adequado do governo federal.

Ele alegou que seu pedido de blindados foi negado em três ocasiões, com a justificativa de que era necessário um pedido formal de GLO. A situação gerou um confronto público entre o governo estadual e o federal, em um momento de tensão no combate à violência no Rio.

Policial é socorrido por agentes de saúde em meio a operação contra o CV. Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Em resposta às declarações de Castro, o Ministério da Justiça do governo Lula destacou que tem oferecido apoio contínuo ao Rio de Janeiro. O Ministério enfatizou que todos os 11 pedidos de renovação feitos pelo governo estadual para a presença da Força Nacional foram atendidos desde 2023, e a atuação está garantida até 2025.

A tentativa de Castro de transferir a responsabilidade da segurança pública para o governo federal foi vista por assessores de Lula como uma estratégia política para se isentar da crise de segurança no estado. Segundo membros do governo, Castro não havia informado previamente sobre a magnitude da operação que estava sendo planejada, o que teria envolvido grandes riscos tanto para os policiais quanto para a população.

A falta de comunicação prévia impediu que o governo federal se preparasse adequadamente para fornecer o apoio solicitado. Ainda de acordo com assessores do presidente Lula, a solicitação de blindados não poderia ser feita sem uma GLO em vigor.

O processo para a decretação de uma GLO implica no reconhecimento formal por parte do chefe do executivo estadual da falência das forças de segurança locais, uma medida que, segundo esses assessores, nunca foi solicitada por Castro. Pessoas próximas a Lula também relatam que nenhum pedido oficial de uso de blindados da Força Nacional chegou ao Exército, conforme confirmado pelos assessores de Lula.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.