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Folha celebra volta de Bolsonaro e diz que “bolsonarismo pode dar vigor à política”

Editorial da Folha com conselhos amorosos a Bolsonaro

O desespero da Folha de S.Paulo para encontrar um adversário de truz para o PT é tamanho que o jornal se dispõe a dar um banho de perfume em um monte de estrume.

Num editorial esdrúxulo no dia 30, véspera do aniversário do golpe de 64, o jornal dá dicas de marketing político e sugere um novo posicionamento ao fascismo tropical: “Opondo-se ao petismo, o bolsonarismo pode dar vigor à política brasileira —desde que abandone a violência, a atitude antidemocrática e a polarização irracional”.

Ou seja, desde que Jair e seguidores abandonem a si próprios e virem outra coisa que não exatamente o que os distinguiu até agora: a violência, a atitude antidemocrática e a polarização irracional. Isso há menos de três meses dos ataques terroristas em Brasília. Coração de mãe.

É um conselho amoroso: se você parar de matar os outros e celebrar torturadores, eu caso. O nazismo seria ótimo se não fosse aquele probleminha de Hitller com os judeus.

O jornal da ditabranda e da ficha falsa de Dilma no Dops põe as manguinhas de fora. Para derrotar Lula, topa-se tudo, inclusive Bolsonaro. Mas tem de comer de boca fechada.

Essa operação de limpeza de imagem vem sendo engendrada de maneira intensa, talvez de olho no público da Jovem Pan. No dia 21 de março, uma reportagem jabazeira contava como Michelle Bolsonaro, acompanhada de seu sócio maquiador e faz-tudo, planejava voos mais altos na carreira política, agora como influenciadora e dona de uma marca de cosméticos.

É a “Michelle 2.0”, presidente do PL Mulher e empresária. O roubo das jóas, segundo aquela picaretagem jornalística, não passava de “inferno astral”.

Há pouco, alguém percebeu a bandeira no editorial e mudou o desfecho online: “O bolsonarismo até poderia, se abandonasse a violência e o autoritarismo, liderar uma oposição saudável ao PT. Esse não é, infelizmente, o desfecho mais provável”.

Muito pouco, tarde demais. Emenda tão ruim quanto o soneto. O texto deixa claro por que Bolsonaro sempre foi um candidato do sistema, da “escolha muito difícil”. Não é o ideal, mas é o que temos.

Às favas todos os escrúpulos de consciência.

Kiko Nogueira

Diretor do Diário do Centro do Mundo. Jornalista e músico. Foi fundador e diretor de redação da Revista Alfa; editor da Veja São Paulo; diretor de redação da Viagem e Turismo e do Guia Quatro Rodas.

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Kiko Nogueira

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