Em seu editorial desta terça-feira, 4, a Folha diz que é preciso recorrer à psicanálise para entender os ressentidos que acompanham um presidente periférico e que lembra um charlatão religioso.
O texto segue dizendo que a administração vai se despedaçando e atraindo excêntricos e oportunistas para seus escombros. E lembra que os partidos do centrão avançam sobre cargos e verbas com a voracidade dos visigodos no último assalto a Roma.
Leia a íntegra do Editorial:
Jair Bolsonaro era um deputado periférico que em circunstância excepcional sagrou-se presidente. A imagem que se firma dele a cada desdobramento da política é a do presidente que se torna periférico.
Como se viu no sábado (1º), ele arrasta para as ruas um séquito assemelhado aos que acompanham os charlatães religiosos. São pessoas ressentidas com os limites que a Constituição de 1988 impõe à tirania, a expor pautas e retalhos de ideias exóticos, cuja inviabilidade num país complexo como o Brasil do século 21 vai ficando evidente.
Compelidos a camuflar os lemas escancaradamente golpistas de outrora, os bolsonaristas de parada agora destampam um “Eu autorizo”. A psicanálise poderá explicar que essas figuras liliputianas estão expressando a mensagem contrária: não podem nada; não autorizam nada fora das regras do jogo.
Em paralelo, a administração Bolsonaro vai se despedaçando, o que atrai excêntricos e oportunistas para seus escombros. Desfaz-se em bravatas, comentários demófobos, fracassos e inoperância a ambiciosa agenda reformista do ministro Paulo Guedes (Economia).
Sentindo cheiro da presa encurralada, enquanto se reduz a expectativa de poder em torno do presidente além de 2022, os partidos do centrão avançam sobre cargos e verbas com a voracidade dos visigodos no último assalto a Roma.
Começa para efeito prático nesta terça (4) a CPI da catástrofe sanitária, que o governo não logrou evitar nem conseguirá controlar.
A comissão de senadores não tratará de tema abstrato, diante das mais de 400 mil mortes, cifra ainda em forte expansão. Tampouco terá dificuldade para assentar a irresponsabilidade da gestão federal, e do presidente da República em particular, no combate à pandemia.
Bolsonaro mostrou-se incapaz de recomendar cautelas à população cuja vida corria risco e de compadecer-se com enlutados. Foi vetor de aglomerações e atitudes lesivas à saúde. Sua incompetência —direta e derivada de auxiliares ineptos que nomeou— privou o país de dezenas de milhões de doses tempestivas de vacina, de drogas e oxigênio para doentes que sufocavam.
A pandemia, com seus desafios prementes e ubíquos, concorreu para escancarar todas as fraquezas políticas e gerenciais constitutivas da aventura Bolsonaro. O potencial danoso do despreparo técnico, aliado à desconexão orgânica com partidos e agentes institucionais, tornou-se indisfarçável sob o crivo da emergência sanitária.
Não surpreende que Jair Bolsonaro vá retornando às margens do sistema, agora trajando a faixa presidencial. Decisões importantes para o país contornam o Palácio do Planalto —anomalia que se tenta arrastar penosamente até 2022.
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