A Folha de S. Paulo não é Plural, nem de longe. Por Arnóbio Rocha

Atualizado em 16 de janeiro de 2022 às 20:13
Folha de S. Paulo
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Quando a ditadura civil-militar, do golpe de estado em 1º de abril de 1964, entrou em decadência irreversível, os ratos começaram a abandonar o barco, sentiram o cheiro do naufrágio. Políticos, ideólogos, arautos e toda espécie de apoiadores do regime. A sorte era que na época não existiam redes sociais para apagarem os posts e fotos.

A Folha de S.Paulo ressurgiu exatamente ali, de apoiadores dos ditadores a questionadores do regime fascista e assassino, que fez o Brasil ficar 21 anos sob ditadura, sem direitos políticos, sem liberdades, inclusive, de imprensa. Censura contra todas as expressões culturais, filmes, músicas, peças de teatro, livros, poesias, manifestos.

Escrever na Folha de S.Paulo nos anos de 1980 era sinônimo de “status”, reconhecimento político, cultural e social. Jovens jornalistas com viés mais à esquerda passaram a ter colunas e engrossar o coro contra a ditadura, pelas Eleições Diretas. A academia comparecia com artigos, com opiniões e era sinal de prestígio, num domingo então, era o máximo.

Essa onda durou até as eleições de 1989.

Na grande polarização Lula x Collor, sem que o candidato da Folha tivesse chance, o jornal teve a mesma postura que teve com Bolsonaro, escondeu Collor. Aliado a isso, apó a debacle do leste europeu, a Folha deu nova guinada, os neoliberais voltaram com força, nos anos de 1990, o PSDB passa a ser o norte, o espaço à esquerda foi rareando.

A Folha foi oposição direta dos governos petistas, deu sustentação à farsa do Mensalão, tentou emplacar escândalos como o da Tapioca, e foi importante para insuflar as jornadas de junho e mais ainda para a Lava Jato, com equipe sempre pronta para servir Moro e companhia. O ápice foi sua campanha e editorial pelo Impeachment.

Nesse meio tempo, algumas matérias contra a esquerda foram emblemáticas, como a da “ditabranda”, a ficha falsa da Dilma, um suposto abuso sexual de Lula contra um militante na prisão em 1980. Os ataques a Lula, ao PT, sempre foram os mais covardes, as colunas à serviço da direção do jornal torturavam o manual interno.

O que é mais incrível, nesses 33 anos, é que a Folha continua sendo levada a sério pela esquerda. Há um regozijo se conseguem emplacar uma coluna perdida em meio a centenas de ataques, mas parece que isso é mais importante. Aparecer em coluna sociais, como da Mônica Bergamo, ou numa notinha do Painel, é a “glória”, a justificativa é que estamos disputando a narrativa.

A Folha faz propaganda para se vender como “plural”, contando com a ajuda de suas vítimas preferenciais, a esquerda. É um jornal falido, com cada vez menos leitores e importância, mas parece que tudo isso não é suficiente para que companheiros (as) se recusem em colaborar.

Hoje, 16.01.2022, a Folha de S.Paulo, que tem alguns colunista negros (as) como parte de sua “pluralidade”, deu espaço para um artigo de Antônio Risério: “Racismo de negros contra brancos ganha forca com identitarismo“. É o famoso Racismo Reverso ganhando ares de “tese”, é a comprovação da fábula da Rã e do Escorpião, a Folha não nega suas origens escravocratas.

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O que mais preocupa é ver companheiros (as) “surpresos” com esse artigo, como se isso não fosse uma constante num jornal que defende as reformas ultraliberais, apoia fielmente Paulo Guedes, apenas tem vergonha de Bolsonaro, mas se não emplacar outro, vai com ele até o fim contra Lula, seu ódio contra a esquerda supera qualquer limite ético.

A pergunta que fica é: Até quando vamos “colaborar” com a farsa da “pluralidade” da Folha de S. Paulo?

O texto pode ser lido também aqui.

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