Fome, desigualdade e guerra na Ucrânia: os pontos principais do discurso de Lula na ONU

Atualizado em 19 de setembro de 2023 às 16:02
Presidente Lula em discurso na Onu. Foto: reprodução

O presidente Lula fez um discurso de cerca de 21 minutos na abertura da Assembleia-Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York, nos Estados Unidos, nesta terça (19). O brasileiro foi o primeiro a se pronunciar no evento.

Veja os principais pontos do discurso do petista na ONU:

Combate à fome e às desigualdades

O mandatário citou o relatório sobre Alimentação, Agricultura e Nutrição da ONU, que diz que existem 735 milhões de pessoas passando fome no mundo. Segundo ele, esse é o tema “central” de seu pronunciamento no evento.

“A fome, tema central da minha fala neste Parlamento Mundial 20 anos atrás, atinge hoje 735 milhões de seres humanos, que vão dormir esta noite sem saber se terão o que comer amanhã”, afirmou o presidente. Ele ainda aponta que falta “vontade política” dos países mais ricos para acabar com o problema.

“É preciso antes de tudo vencer a resignação, que nos faz aceitar tamanha injustiça como fenômeno natural. Para vencer a desigualdade, falta vontade política daqueles que governam o mundo”, avalia.

Questões ambientais

Lula voltou a cobrar apoio financeiro para o combate às mudanças climáticas e na proteção do meio ambiente. Ele cita o Acordo de Paris e diz que “a emergência climática torna urgente uma correção de rumos”.

“Sem mobilização de recursos financeiros e tecnológicos, não há como implementar o que decidimos no acordo de Paris. A promessa de destinar US$ 100 bilhões aos países em desenvolvimento permanece apenas isso. Uma promessa”, aponta.

Desenvolvimento sustentável

O presidente voltou a defender um desenvolvimento sustentável e afirmou que o Brasil está comprometido a cumprir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Para Lula, as medidas dos países para avançar no tema “caminham em ritmo lento”.

“Os 10% mais ricos da população mundial são responsáveis por quase a metade de todo o carbono lançado na atmosfera. Nós, países em desenvolvimento, não queremos repetir esse modelo. No Brasil, já provamos uma vez e vamos provar de novo que um modelo socialmente justo e ambientalmente sustentável é possível”, prossegue.

Críticas a organismos internacionais

Lula avalia que o princípio de cooperação entre países está “sendo corroído” e criticou o FMI, o Banco Mundial e a própria ONU durante o discurso.

“Nas principais instâncias da governança global, negociações em que todos os países têm voz e voto perderam fôlego. Quando as instituições reproduzem as desigualdades, elas fazem parte do problema, e não da solução”, afirma.

Ele cita que o FMI disponibilizou US$ 160 bilhões a países europeus e somente US$ 34 bilhões a países africanos. “A representação desigual e distorcida no FMI e do Banco Mundial é inaceitável”, aponta.

Conflitos armados

No discurso, o mandatário citou uma série de crises no Haiti, Iêmen, Líbia e Guatemala, e apontou que conflitos armados “são uma afronta à racionalidade humana”. “É perturbador ver que persistem antigas disputas não resolvidas e que surgem ou ganham vigor novas ameaças”, lamentou.

Guerra na Ucrânia

Para Lula, a guerra entre Rússia e Ucrânia “escancara” a incapacidade dos países da ONU na busca pela paz. Ele ainda criticou as sanções impostas e avaliou que elas “causam grande prejuízos à população dos países afetados”.

“Além de não alcançarem seus alegados objetivos, dificultam os processos de mediação, prevenção e resolução pacífica de conflitos”, afirma. Ele ainda aponta que o Conselho de Segurança da ONU “em perdendo progressivamente a sua credibilidade”.

“A ONU precisa cumprir seu papel de construtora de um mundo mais justo, solidário e fraterno. Mas só o fará se seus membros tiverem a coragem de proclamar sua indignação com a desigualdade e trabalhar incansavelmente para superá-la”, encerrou.

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