Fontes dos EUA discutiram possibilidade de envenenar Julian Assange, diz testemunha

Atualizado em 1 de outubro de 2020 às 0:21

Publicado originalmente no Brasil de Fato

Assange se reúne com o chanceler equatoriano Ricardo Patiño, na embaixada – Xavier Granja Cedeño/Ministerio de Relaciones Exteriores.

Fontes de inteligência dos Estados Unidos e uma empresa de segurança privada discutiram a possibilidade de envenenar Julian Assange na embaixada do Equador em Londres, afirmou uma testemunha à Justiça do Reino Unido, nesta quarta-feira (30).

A declaração foi feita por um ex-funcionário da empresa de segurança, a espanhola UC Global, e lida por Mark Summers QC, um dos advogados de Assange, durante o julgamento de extradição do fundador do WikiLeaks.

Para proteger a testemunha, o depoimento foi todo por escrito e sua identidade foi preservada.

O ex-funcionário relatou que o fundador e diretor da UC Global, David Morales, tomou uma série de medidas para vigiar Assange, como a instalação de câmeras e microfones, a obtenção de impressão digital do jornalista e a transmissão “ao vivo” de reuniões com advogados.

As ações visavam agradar autoridades dos Estados Unidos, que prometeram a Morales apoio para fechar contratos no mundo todo.

A testemunha afirmou que a vigilância era constante e que os estadunidenses ficaram “nervosos” quando parecia que Assange poderia estar prestes a obter um passaporte diplomático do Equador para viajar para um terceiro estado.

Em uma ocasião em 2017, o ex-funcionário lembrou que Morales disse que seus contatos dos Estados Unidos haviam sugerido que “medidas mais extremas” deveriam ser implementadas contra os visitantes de Assange.

“Houve uma sugestão de que a porta da embaixada fosse deixada aberta, permitindo que as pessoas entrassem de fora e sequestrassem ou envenenassem Assange”, informou ao tribunal. Morales disse que essas sugestões estavam sendo consideradas por seus contatos nos Estados Unidos.

Assange foi removido da embaixada em abril de 2019, onde se refugiou por sete anos antes para evitar a extradição para a Suécia, devido a uma acusação de agressão sexual que foi posteriormente arquivada.

Edição: Rodrigo Chagas