
Seguramente um dos personagens mais sinistros da política nacional, João Doria distribuiu para a mídia amiga e postou em suas redes sociais uma foto tenebrosa.
Ele aparece com um FHC visivelmente alquebrado, constrangido, se esforçando para fingir que lê a biografia do “gestor”, aberta numa página aleatória, enquanto Doria se apoia em seu ombro, com um sorriso diabólico.
Doria mandou dar a nota na Veja, que saiu com uma cascata de que o ex-presidente está “moderadamente otimista” com o governo Lula. FHC prefaciou o opúsculo, que ele não vai ler. Talvez nem Doria o faça.
Como tudo na vida do personagem, o livro não é para vender, e sim para promoção pessoal e limpeza de imagem. “O Poder da Transformação” é assinado por um ex-jornalista chamado Thales Guaracy, que parece ter se especializado em subliteratura. Na Editora Abril, onde fez carreira na segunda divisão, ele era conhecido como “dos Thales, o menor”, em alusão a seu homônimo, Tales Alvarenga, diretor de redação da Veja.
Uma honra ter o prefácio da minha biografia escrita pelo grande estadista @FHC! pic.twitter.com/6ztXwgovL5
— João Doria (@jdoriajr) April 8, 2023
Claro que não se conta a verdade sobre a traição a Geraldo Alckmin, sobre a farinata e o “Bolsodoria”. O Metrópoles diz que há uma menção à famosa cena da suruba.
Uma assessora na prefeitura de São Paulo lembra com indignação a repercussão causada pelo vídeo. “Era um absurdo, dava para ver que era montagem. Eu nunca tinha ouvido a expressão deep fake, foi a primeira vez”, afirma. Um laudo da Polícia Federal, porém, concluiu que não havia sinais de adulteração. Isso, evidentemente, ficou de fora da obra.
Se a família de FHC gostasse dele, evitava esse tipo de situação. O abuso financeiro contra idosos está entre os tipos de violência com maior incidência, ao lado do registro de casos de ameaça e maus-tratos.