Fracasso das políticas capitalistas torna o socialismo um atrativo nos EUA. Por Michael Tomasky

Atualizado em 11 de agosto de 2018 às 20:04
Alexandria Ocasio-Cortez, candidata ao Congresso por Nova York, que se define socialista democrática

DO NEW YORK TIMES, PUBLICADO EM O ESTADO DE S. PAULO

Ultimamente, tenho me preocupado com o estado de espírito dos capitalistas dos Estados Unidos. Todos estes socialistas que estão saindo da escuridão devem deixá-los particularmente agitados. Por isso, escrevo para dar alguns conselhos de amigo à classe capitalista a respeito dos tais socialistas. Vocês querem que haja menos socialistas? É fácil. Parem de criá-los.

Volta e meia, na história, causa e efeito nos atingem como um soco no rosto. As condições nas quais os russos foram obrigados a viver pelos czares geraram o bolchevismo. Os termos impostos no Tratado de Versailles impulsionaram a ascensão de Hitler. Os fracassos dos keynesianos nos anos 1970 prepararam o caminho para a economia da demanda e da oferta.

O mesmo acontece aqui. O capitalismo americano das últimas décadas fez com que o socialismo parecesse muito mais atraente, em particular para os jovens. Pergunte si mesmo: se você tivesse 28 anos como Alexandria Ocasio-Cortez, a candidata ao Congresso por Nova York que se define uma socialista democrática, o que você já teria visto na vida?

Você teria visto os Estados Unidos, um país que seus pais – ou, se você têm 28 anos, mais provavelmente seus avós – descreviam como um lugar onde a vida melhorava a cada nova geração – tornar-se um país em que, para milhões de pessoas, inclusive para você, isso deixou de ser verdade.

(…)

Eu me sinto um pouco confuso diante deste pequeno boom do socialismo. Ele ainda precisa provar que é politicamente viável nas eleições gerais fora de algumas áreas, e em 2021 talvez acordemos para ver que foi um desastre para os democratas. Mas compreendo por que isso está acontecendo. Considerando a atual situação nesse país, isso não poderia deixar de acontecer.

E se você é capitalista, seria melhor que tentasse compreendê-lo, também – e fizesse alguma coisa para atender aos mais que legítimos apelos que o alimentam.

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Michael Tomasky é colunista de “The Daily Beast” e editor de “Democracy: A Journal of Ideas”.