Fracasso do leilão do pré-sal é resultado do isolamento internacional do Brasil. Por Kennedy Alencar

Atualizado em 7 de novembro de 2019 às 10:07
Plataforma (Foto: Divulgação/Petrobras)

Publicado originalmente no blog do autor

POR KENNEDY ALENCAR

Há fatores internacionais que contribuem para explicar o fracasso ontem do “megaleilão” do pré-sal. O mercado internacional tem muita oferta de Petróleo. A Arábia Saudita quer extrair até a última gota. Investidores viram risco grande na empreitada.

Mas um outro fator tem razão doméstica: a falta de confiança inspirada pelo presidente Jair Bolsonaro, que vive criando crises desnecessárias como forma de governar e manter mobilizada a sua base política de extrema-direita.

O isolamento internacional do Brasil provocado por uma política externa burra tirou o país do mapa. Para agravar o quadro, a equipe econômica andou vendendo vento: os tais R$ 106,5 bilhões que estariam garantidos no leilão. Levou R$ 70 bilhões e dois campos ficaram encalhados. Os dois vendidos foram arrematados pela Petrobras.

Estrangeiros fugiram da disputa. Só duas estatais chinesas aceitaram participação menor numa empreitada com a Petrobras no campo de Búzios. É irônico que duas estatais chinesas tenham socorrido o Brasil e nenhuma empresa dos EUA, país incensado por Bolsonaro, tenha dado o ar de sua graça.

Os estrangeiros estão ressabiados com o Brasil.

Falta de seriedade

É ruim para Bolsonaro que ele tenha postado uma mentira sobre a saída de empresas da Argentina e tenha apagado depois o que escreveu. Mas é pior para o Brasil.

É um comportamento que só reforça a falta de confiança no país. Também é inexplicável a forma como o Brasil trata a Argentina. Bolsonaro aprofunda uma crise que não deveria existir nas relações entre dois vizinhos tão importantes e dependentes um do outro.

Vergonha nacional

O IBGE mostrou que 1 em cada 4 brasileiros vive com renda mensal inferior a R$ 420,00. Esse é o grande nó do país: a desigualdade social.

Investimentos públicos para gerar emprego e uma reforma tributária progressiva, cobrando menos impostos dos mais pobres e mais dos ricos e taxando mais a renda do que o consumo, são as medidas que o governo e o Congresso deveriam priorizar.