França vai proibir pesticidas que dizimam. Por José Eduardo Mendonça

Atualizado em 20 de março de 2016 às 20:53

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Em meados de março, deputados franceses aprovaram planos para o banimento total de pesticidas que estão matando milhões de abelhas. É um passo à frente das restrições do resto da Europa, em uma luta contra as corporações que os produzem, como Bayer CropScience e Syngenta.

Os pesticidas em questão contêm substâncias químicas chamadas neocotinóides, derivados da nicotina. Na União Européia a decisão de restrição aconteceu depois de dois anos de pesquisas que apontam os riscos para as abelhas. Elas têm um papel crucial na polinização de safras.

Um entre quatro alimentos que comemos todo dia depende de abelhas para sua polinização. Das 100 safras mais importantes, 70 são polinizadas por ela – incluindo maçãs, pepinos, brócolis, cebolas, abóboras, abacates, amêndoas e muitos outros.

Os insetos também estão sofrendo pela perda de habitats, doenças que se espalham com rapidez e mudança do clima. Como resultado, ficam estressados e ainda mais suscetíveis ao envenenamento por pesticidas.

Os fabricantes afirmam que as pesquisas que culpam as substâncias não têm apoio de campo e que não há evidência de que eles sejam responsáveis por uma queda global no número de abelhas, que morrem aos milhões em todo o mundo, em um fenômeno conhecido como distúrbio do colapso das colônias.

Empresas francesas de agricultura dizem não haver alternativas, e que a França ficaria menos competitiva no setor que outros países europeus.

Mas a lei aprovada, que entra em vigor em setembro de 2018, permite ao ministro do ambiente que estabeleça proibição também a produtos substitutos semelhantes.

“Revertemos a mecânica: a proibição se tornou a regra, e seu uso a exceção”, afirmou a deputada e ex-ministra da ecologia Delphine Batho.

Segundo a associação nacional francesa de criadores de abelhas, mais de 300 mil colônias foram elimininadas nno país desde a introdução dos pesticidas, em 1994.
A produção de mel da França teve seu pior ano em 2014, com apenas 10 mil toneladas, comparadas a 32 mil em 1995.
Os produtos apareceram no mercado sob argumento de que eram menos perigosos para mamíferos e pássaros, mas seus efeitos em insetos provocaram dados a polinizadores e, depois, a todo o ambiente.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, órgão responsável por informar oficialmente a ocorrência de problemas sanitários animais e vegetais no Brasil, até o momento a Desordem do Colapso das Colônias não foi detectada no país. “De qualquer forma é preciso que os produtores fiquem atentos e procurem auxílio técnico para qualquer problema de sanidade que encontrem em suas colônias, com o intuito de investigar as causas”.

Não há um consenso. O Ibama investiga há três anos o impacto de inseticidas na apicultura nacional. Entre 2010 e 2012, identificou mais de cem casos de mortes em massa de abelhas pelo país, e todas elas estariam relacionadas à pulverização de agrotóxicos.