Fugiu? Anderson Torres não é encontrado em casa pela PF

Atualizado em 25 de novembro de 2025 às 16:39
O ex-ministro Anderson Torres. Foto: Divulgação

Agentes da Polícia Federal estiveram na tarde desta terça-feira (25) na casa de Anderson Torres, no Jardim Botânico, região nobre de Brasília, para cumprir o mandado de prisão decorrente de sua condenação por tentativa de golpe de Estado. Ao chegar ao endereço, os policiais encontraram apenas a esposa do ex-ministro da Justiça do governo Bolsonaro.

Um vídeo registrado pela equipe do Metrópoles mostra o momento em que a PF deixa a residência sem localizar Torres. Até a última atualização, seu paradeiro seguia desconhecido. Ele cumpre medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento noturno.

O STF confirmou nesta terça o trânsito em julgado do processo envolvendo Jair Bolsonaro e os réus do chamado núcleo 1 da trama golpista. Com isso, não há mais possibilidade de recurso para Torres, que agora deve iniciar o cumprimento da pena.

A determinação do ministro Alexandre de Moraes prevê que, após a prisão, ele seja levado ao 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, conhecido como Papudinha, onde ficará em cela especial. No mesmo dia, mandados de prisão também foram expedidos contra os generais Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira.

O Exército preparou instalações no Comando Militar do Planalto. O almirante Almir Garnier Santos foi preso em Brasília. Um dia antes de a prisão ser executada, a defesa de Torres enviou petição ao STF pedindo que a pena fosse cumprida na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, ou no Batalhão de Aviação Operacional da PM.

Os advogados afirmam que ele trata “um quadro de depressão desde a prisão, em janeiro de 2023”, e faz uso contínuo de venlafaxina e olanzapina. Segundo a defesa, sua condição psicológica tornaria “incompatível” um presídio comum, apresentando risco à “integridade física e psíquica” do ex-ministro.

A Primeira Turma do STF condenou Torres a 24 anos de prisão, sendo 21 anos e seis meses de reclusão e 2 anos e seis meses de detenção. O colegiado entendeu que ele usou o cargo no Ministério da Justiça para “desvirtuar” a realidade das eleições de 2022.

Para o ministro Alexandre de Moraes, o então comando da pasta articulou, em 30 de outubro daquele ano, uma operação da Polícia Rodoviária Federal com o objetivo de impedir ou atrasar o acesso de eleitores às urnas em regiões desfavorecidas.

A atuação de Torres durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 também pesou na sentença. À época secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, ele deixou o país dois dias antes dos ataques, apesar de alertas de inteligência sobre a iminência de invasões às sedes dos Três Poderes.

Os ministros também consideraram a minuta de decreto golpista apreendida em sua casa. O documento previa uma intervenção irregular na Justiça Eleitoral e foi interpretado como evidência da intenção de subverter o processo democrático.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.