Fux se torna “salvador” entre aliados de Bolsonaro após demora e voto contra tornozeleira

A dupla satisfação do bolsonarismo com o ministro Luiz Fux veio à tona após o julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidiu manter as medidas cautelares impostas por Alexandre de Moraes contra Jair Bolsonaro, conforme informações da coluna de Guilherme Amado, do PlatôBR.

Mesmo com a formação rápida da maioria — Moraes, Cristiano Zanin e Flávio Dino votaram nas primeiras horas do julgamento virtual de sexta-feira (18), seguidos por Cármen Lúcia no mesmo dia —, aliados do ex-presidente comemoraram dois fatores: o voto contrário de Fux e o tempo que ele levou para se manifestar.

Fux justificou aos colegas que estava gripado e, por isso, ainda não havia votado. Mas só apresentou seu posicionamento pouco antes das 23h30 de segunda-feira (22), a menos de 30 minutos do encerramento do julgamento, às 23h59.

Nos bastidores, bolsonaristas interpretaram a demora como um gesto simbólico. Para eles, o silêncio prolongado já era visto como um aceno, mesmo antes de se saber que o voto seria contrário às medidas.

Ao finalmente votar, Fux divergiu de Moraes e afirmou que a Polícia Federal (PF) e a Procuradoria-Geral da República (PGR) “não apresentaram provas novas e concretas” de tentativa de fuga por parte de Bolsonaro.

“Verifico que a amplitude das medidas impostas restringe desproporcionalmente direitos fundamentais, como a liberdade de ir e vir e a liberdade de expressão e comunicação, sem que tenha havido a demonstração contemporânea, concreta e individualizada dos requisitos que legalmente autorizariam a imposição dessas cautelares”, afirmou.

Luiz Fux também tem discordado pontualmente de Moraes nos julgamentos do 8 de Janeiro e sobre o caso da tentativa de golpe, que envolve Bolsonaro e seus aliados.

Além disso, ele foi um dos três ministros do STF que não tiveram os vistos suspensos pelo governo de Donald Trump, após as sanções impostas pelos Estados Unidos a integrantes da Corte. Os outros dois foram André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos indicados por Bolsonaro.