
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça (21) contra a condenação dos réus do chamado núcleo 4 da trama golpista, conhecido como o “núcleo das fake news”. O grupo é acusado de espalhar notícias falsas sobre as urnas eletrônicas e de atacar autoridades e chefes das Forças Armadas que se opuseram à tentativa de golpe de Estado em 2022.
Em seu voto, Fux defendeu “incompetência absoluta do STF para analisar o caso” e declarou divergência quanto ao entendimento do relator, o ministro Alexandre de Moraes.
Ele indicou que discordaria de Moraes no início de sua manifestação, apontando que cogitar um golpe sem levá-lo adiante não é suficiente para configurar crime. Segundo o ministro, “tramas, ainda que seguidas de angariamento mais favorável à sua concretização, não desbordam da seara preparatória”.
Para ele, atos preparatórios não podem ser punidos criminalmente, já que não produzem danos concretos. A posição diverge da de Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin, que votaram pela condenação dos sete réus.
O magistrado também defendeu que manifestações políticas, ainda que críticas, não devem ser tratadas como delito. “Acampamentos, faixas e aglomerações que expressem o desejo sincero de participar do governo, mesmo quando incluam a irresignação pacífica contra os Poderes da República, não configuram crime”, prosseguiu.
Veja um trecho do voto:
Ministro Luiz Fux segue com postura discordante no julgamento sobre réus por golpe de Estado.
Aqui, ele diz que uma piada no WhatsApp foi considerada como prova contra um dos acusados. pic.twitter.com/RUlmRlYBXB
— Sam Pancher (@SamPancher) October 21, 2025
Alexandre de Moraes, relator do caso, manteve o entendimento de que os réus participaram de uma estrutura organizada de desinformação, essencial à execução da tentativa de golpe. Ele pediu a condenação por crimes de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração do patrimônio tombado.
Segundo Moraes, o grupo atuou em cinco dos 13 atos executórios da trama golpista. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também pediu a condenação de todos os sete réus, afirmando que eles integraram uma “guerra informacional” contra o sistema eleitoral e as instituições democráticas.
Para Gonet, o grupo criou o ambiente de desestabilização que levou aos ataques de 8 de janeiro de 2023. As defesas, por outro lado, negam vínculos entre os acusados e dizem que não há provas de coordenação entre eles.
Os ministros da Corte já esperavam uma divergência de Fux e acreditam que o placar será encerrado com o placar de 4 a 1. A expectativa é que o julgamento do núcleo da desinformação seja concluído ainda nesta terça (21), com os votos de Cármen Lúcia e Flávio Dino.
O Supremo mantém a previsão de executar as sentenças do núcleo central no início de dezembro, dando continuidade ao processo que investiga os diferentes braços da tentativa de golpe.