
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), contratou cinco parentes de funcionárias fantasmas em seu gabinete. A prática, revelada pela Folha de S.Paulo, soma-se à contratação de três servidoras que exerciam atividades incompatíveis com o cargo público. A situação levou à exoneração de duas funcionárias após o caso vir à tona.
Entre as demitidas está a fisioterapeuta Gabriela Pagidis, que atuava em clínicas particulares no Distrito Federal enquanto recebia salário de R$ 11,4 mil da Câmara. Ela é filha de Athina Pagidis, ex-chefe de gabinete de Motta, e teve outros três familiares nomeados: a tia Adriana Pagidis, a irmã Barbara Pagidis e o primo Felipe Pagidis. Todos constaram, simultaneamente, na folha do gabinete por dois anos.

Já Monique Magno, a outra funcionária exonerada, acumulava ilegalmente o cargo comissionado com a função de assistente social na Prefeitura de João Pessoa. Sua mãe, a advogada Márcia Agra de Souza, também trabalhou no gabinete de Motta.
Conforme mostram documentos oficiais e registros de rotina, Gabriela entrou no gabinete em junho de 2017, quando a mãe já atuava no local. Athina foi a primeira a trabalhar com Motta, desde o início do mandato em 2011 até 2019.
A tia Adriana e o primo Felipe também foram nomeados — este último hoje está oficialmente lotado com o deputado Wellington Roberto (PL-PB), mas não foi localizado no gabinete em Brasília. Adriana teria deixado o cargo em 2022, mas ainda seria ligada a Motta, segundo relatos.
No caso de Monique Magno, a sobreposição de vínculos públicos vai contra as regras da Câmara. Contratada desde 2019, ela atua na Prefeitura de João Pessoa desde 2021, com jornada de 30 horas semanais. Questionada pela Folha, desligou a ligação inicialmente e, depois, disse cumprir os dois trabalhos e ainda cuidar sozinha do filho.
Sua mãe, Márcia Agra, trabalhou com Motta entre 2011 e 2015 e hoje está lotada no gabinete de João Carlos Bacelar (PL-BA), embora mantenha escritório profissional na Paraíba, o que é vetado pelo regimento da Casa.
Procurado pela imprensa, Hugo Motta não comentou a contratação dos parentes. Em nota, afirmou apenas que “preza pelo cumprimento rigoroso das obrigações dos funcionários de seu gabinete, incluindo os que atuam de forma remota”.
As exonerações ocorreram somente após o questionamento da imprensa sobre as atividades externas das servidoras.