O tenente-coronel Mauro Cid afirmou à Polícia Federal que três assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro que faziam parte do gabinete do ódio utilizavam a estrutura do governo federal para produzir conteúdos com ataques a instituições, como o Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o ex-ajudante de ordens, os funcionários usavam uma sala do Palácio do Planalto para difundir mensagens do ex-mandatário.
Os assessores ficavam em uma sala sem janela e sem controle de entrada no terceiro piso do Planalto, local próximo ao gabinete de Bolsonaro, de acordo com Cid. A informação é do Blog da Andréia Sadi no g1.
O depoimento faz parte do acordo de delação premiada firmado com a PF e homologado em setembro pelo ministro Alexandre de Moraes. A declaração reforça a suspeita da corporação no inquérito das milícias digitais. Investigadores acreditam que os aliados de Bolsonaro usaram a estrutura do governo para atacar e tentar fragilizar instituições de outros Poderes.
No depoimento, o militar ainda afirmou que o gabinete do ódio era formado por Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Sales Gomes e Mateus Matos Diniz. Os dois primeiros eram assessores especiais do gabinete pessoal do presidente e foram nomeados em janeiro de 2019, enquanto o terceiro ocupava cargo na Secretaria de Comunicação.
O núcleo tinha “relação de subordinação” com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), segundo Cid. Ele ainda afirmou que o filho do ex-presidente “ditava” o que deveria ser produzido nas dependências do Planalto.
A PF já havia descoberto que Bolsonaro era o difusor inicial de ataques a instituições e autoridades após encontrar no celular do empresário Meyer Nigri mensagens do ex-presidente com fake news sobre fraude das urnas eletrônicas. Agora, investigadores tentam descobrir quem eram os responsáveis pela produção dos conteúdos para identificar cada etapa do ciclo das notícias falsas: criação, disseminação e repercussão.
Cid relatou que o gabinete do ódio era quem elaborava as mensagens divulgadas por Bolsonaro. Ele ainda disse que o próprio ex-presidente cuidava de sua conta no Facebook enquanto Carlos e os funcionários administravam Twitter e Instagram.
O núcleo, segundo o tenente-coronel, contatava influenciadores para que eles republicassem determinadas notícias e gerassem engajamento nas redes.
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