
Por Moisés Mendes
A traição de Malu Gaspar a uma fonte, e não é uma fonte qualquer, configura um dos crimes inafiançáveis do jornalismo.
Na coluna em que volta à ativa no Globo, depois de desaparecer por dois dias (e não apresenta provas de novo mas cobra que Gabriel Galípolo prove que é inocente), Malu escreve:
“Galípolo, que andava assertivo, dizendo estar à disposição do Supremo e de Toffoli para todos os esclarecimentos e afirmando ter documentado todos os contatos, mensagens e discussões a respeito do Master, passou a adotar um comportamento errático. Primeiro, negou “em off” a alguns veículos ter sido pressionado, mas admitiu que, nas conversas com Moraes, se falou sobre o caso Master. Procurou jornalistas para afirmar não ter sido pressionado, mas pediu que não publicassem ter dito isso. Mas se não houve pressão, por que não dizer em público, alto e bom som?”
Malu denuncia Galípolo por ter dito em off, pedindo para que não fosse identificado, segundo ela, que não deveriam divulgar que ele conversou com Alexandre de Moraes sobre o caso Master. Com a ressalva de que não havia sido pressionado.
“Negou em off a alguns veículos”, escreve Malu sobre a afirmação de Galípolo de que Moraes não o pressionou.
A colunista do Globo é uma das fontes dessa informação? São outros colegas? Quais são os outros veículos?
Não importa muito nessa abordagem. Importa que Malu Gaspar denuncia uma fonte em off. É um dos delitos não escritos, mas consagrados do jornalismo: a exposição de quem dá uma informação em off para não ter o nome revelado.

Não importa nessa abordagem aqui o que o informante disse, importa que existiu a informação em off. Não interessa se o que ele fez é certo ou errado, importa o fato de que existiu o off.
O jornalista pediu e ganhou o off, ou a fonte deu a informação e pediu o off. É assim no mundo todo. Altas autoridades dão off. Bandidos, mafiosos, celebridades, fascistas, todos dão off. E também os heróis, que Malu Gaspar despreza, dão off.
Assim é a vida e o jornalismo. Alguns jornalistas, e Malu Gaspar é um desses casos, vivem do off, da intriga, do segredo, do cochicho. Esses profissionais não existiriam sem o off.
O que acontecerá agora? Conversei ontem com um amigo que admiro muito, por sua trajetória nas grandes redações do Rio, incluindo o Globo.
A situação é complicada. Malu Gaspar está dizendo que ela e colegas podem denunciar informantes de offs, se for preciso salvar a própria pele.
É do jogo? Não é. Ela poderá se safar da confusão em que se meteu, mas ficará marcada como jornalista inconfiável. Nem Fabrício Queiroz dará informação em off para Malu Gaspar.
Malu Gaspar grampeou Galípolo?
(Não divulgo o nome do meu amigo jornalista porque ele conversou comigo em off.)