Número 1 no iTunes em 31 países, o Brasil incluído.
Recordista mundial de likes, com mais de 2 milhões.
Qual é o segredo de Gangnam Style, a extravagante e supercafona mistura de música e dança do cantor coreano PSY?
Confesso. Tenho tentado ensaiar os passos de Gangnam Style. Quero, em breve, dançar essa música com minha caçula, Camila. É relativamente simples a coreografia. Como vi PSY explicar num programa de entrevistas dos Estados Unidos, basta, essencialmente, que você se imagine cavalgando um cavalo.
Mas o que me intriga em Gangnam Style é: por quê? Como entender este fenômeno? Para que você tenha uma idéia, PSY já acumulou no YouTube, em apenas dois meses, mais que o dobro do que conseguiu, em três anos, a cantora Susan Boyle com sua insuportável versão da insuportável I Had a Dream.
Minha tese é que num mundo caótico, em que as imagens mais marcantes do dia são sempre bombas, explosões, mortes, em que a maior superpotência promove terror em nome da guerra ao terror, em que quando você menos espera até a pacata China considera se atracar com seus arqui-rivais japoneses, em que os ricos fazem uma super-rapinagem nos 99% – bem, neste universo tenebroso, Gangnam Style é um momento de distração e de alienação, de conforto e de alegria.
Gangnam Style representa o oposto do odioso A Inocência dos Muçulmanos. O filme anti-Maomé provoca mortes. A música de PSY faz rir e dançar.
Vemos as cenas de A Inocência dos Muçulmanos e perdemos as esperanças no futuro. Mas, ainda que por poucos minutos, Gangnam Style nos devolve a fé e a vontade de fazer festa.
O bem é efêmero. Gangnam Style em breve será esquecida. O mau não. A Inocência dos Muçulmanos ficará gravada em nossa memória como um retrato de um era insana.
Mas, antes que Gangnam Style desapareça, o Diário registra, de pé: clap, clap, clap para PSY.