A razão pela qual Gangnam Style virou número 1 no iTunes em 31 países e bateu o recorde mundial de likes no YouTube

Atualizado em 21 de novembro de 2012 às 20:39
PSY

Número 1 no iTunes em 31 países, o Brasil incluído.

Recordista mundial de likes, com mais de 2 milhões.

Qual é o segredo de Gangnam Style, a extravagante e supercafona mistura de música e dança do cantor coreano PSY?

Confesso. Tenho tentado ensaiar os passos de Gangnam Style. Quero, em breve, dançar essa música com minha caçula, Camila. É relativamente simples a coreografia. Como vi PSY explicar num programa de entrevistas dos Estados Unidos, basta, essencialmente, que você se imagine cavalgando um cavalo.

Mas o que me intriga em Gangnam Style é: por quê? Como entender este fenômeno? Para que você tenha uma idéia, PSY já acumulou no YouTube, em apenas dois meses, mais que o dobro do que conseguiu, em três anos, a cantora Susan Boyle com sua insuportável versão da insuportável I Had a Dream.

Minha tese é que num mundo caótico, em que as imagens mais marcantes do dia são sempre bombas, explosões, mortes, em que a maior superpotência promove terror em nome da guerra ao terror, em que quando você menos espera até a pacata China considera se atracar com seus arqui-rivais japoneses, em que os ricos fazem uma super-rapinagem nos 99% – bem, neste universo tenebroso, Gangnam Style é um momento de distração e de alienação, de conforto e de alegria.

Gangnam Style representa o oposto do odioso A Inocência dos Muçulmanos. O filme anti-Maomé provoca mortes. A música de PSY faz rir e dançar.

Vemos as cenas de A Inocência dos Muçulmanos e perdemos as esperanças no futuro. Mas, ainda que por poucos minutos, Gangnam Style nos devolve a fé e a vontade de fazer festa.

O bem é efêmero. Gangnam Style em breve será esquecida. O mau não. A Inocência dos Muçulmanos ficará gravada em nossa memória como um retrato de um era insana.

Mas, antes que Gangnam Style desapareça, o Diário registra, de pé: clap, clap, clap para PSY.