Gatos-pingados do MBL na frente do Facebook: o que importa entender. Por Fernando Brito

Atualizado em 26 de julho de 2018 às 18:04
O tal protesto (Foto: Reprodução)

Publicado no Tijolaço

POR FERNANDO BRITO, jornalista e editor do blog Tijolaço

Um punhado de sujeitos está protestando em frente à sede do Facebook, em São Paulo.

Não passam de duas dúzias, mas não é isso o significativo.

Mereceriam todo o respeito se estivessem protestando contra a censura que o Facebook faz ou pretende fazer contra conteúdo, porque se tratam de expressão de opiniões ou versões pessoais.

Aliás, já fizeram e fazem, quando restringem o acesso de pessoas a publicações apenas das pessoas que, julgam, têm proximidade com os autores.

Se forem postagens falsas ou delirantes, mas individuais, os próprios usuários podem combatê-las e, se for o caso, tomarem providências judiciais.

Inclusive a responsabilização penal.

E nem isso cabe se forem manifestações de opinião, desde que não tenham o cunho de discriminações legalmente vetadas, como o racismo.

É preciso ter atenção a isso, sob pena de legitimarem-se agressões a quem não reza na cartilha da grande mídia.

Não  é este o caso que mobiliza o MBL, mas o de formação de redes e uso de programas “robôs” para replicarem, de forma automática, as postagens de páginas sem responsáveis identificados, muitas pertencentes a domínios obtidos no exterior.

A maior prova disso é que a página do MBL está no ar e transmitindo a manifestação dos gatos-pingados. Ao vivo.

Derrubados, ao que consta, foram os perfis e fanpages que agiam como “cavalos” de suas opiniões, de forma automática.

Fizeram isso, é sempre bom repetir, sob a cobertura da mídia, dos partidos de direita e do Ministério Público, a quem serviam como vetores do ódio.

Precisamos ter muita serenidade nesta questão e extrair dela alguns fatos.

O primeiro é que precisamos separar sempre o que é a opinião – mesmo as que deploramos – do que é a montagem de estruturas criminosas de distribuição de conteúdo falso.

Ou melhor, de outras, menos identificáveis, porque já temos uma, gigante, que o faz pela televisão.

O segundo é que o poder resolveu descartar, ao menos por agora, os seus agentes mais histéricos. É duro o aprendizado de que criar monstros desde pequenos não é a garantia de que se comportarão na coleira.

O terceiro é que nossa comunicação via redes deve ser apoiada no entendimento e na solidariedade, difundindo conteúdos racionais, análises, opiniões, dados.

Dá trabalho, mas vale a pena se nos preocuparmos em elevar o nível de informação e consciência de quem nos lê.

E não, como fazem eles, apenas o nível de histeria.