Gaza relata intenso bombardeio de Israel após pressão por plano de Trump

Atualizado em 4 de outubro de 2025 às 7:23
Grande nuvem de fumaça sobre a cidade de Gaza em 2 de outubro de 2025. Foto: AFP

A Defesa Civil de Gaza informou neste sábado (4) que Israel lançou dezenas de bombardeios contra a Cidade de Gaza, mesmo após o apelo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que o exército israelense suspendesse os ataques. O pedido foi feito depois que o Hamas anunciou ter aceitado o plano de paz proposto por Trump.

“Foi uma noite muito violenta, durante a qual o exército israelense realizou dezenas de ataques aéreos e disparos de artilharia contra a Cidade de Gaza e outras áreas da Faixa de Gaza, apesar do apelo do presidente dos EUA”, declarou Mahmoud Basal, porta-voz da Defesa Civil, à AFP.

Basal, cujas equipes atuam sob a autoridade do governo do Hamas, afirmou que 20 casas foram destruídas durante o bombardeio noturno. O Hospital Batista da Cidade de Gaza recebeu quatro mortos e vários feridos em decorrência de um ataque a uma casa no bairro de Tuffah.

Mais ao sul, em Khan Yunis, o Hospital Nasser informou que duas crianças morreram e oito pessoas ficaram feridas após um drone atingir uma tenda em um acampamento de deslocados palestinos. Segundo a Defesa Civil do território, os bombardeios israelenses mataram 11 pessoas em toda a Faixa.

Escalada em meio ao plano de paz

Os ataques ocorreram no mesmo fim de semana em que se esperava uma resposta formal ao plano de paz de Trump, apoiado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. O documento propõe um cessar-fogo imediato, a libertação de reféns em até 72 horas, o desarmamento do Hamas e a retirada gradual de Israel da Faixa de Gaza, após quase dois anos de conflito.

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

O plano também estabelece que o grupo islâmico palestino e outras facções “não tenham nenhum papel no governo” do território.

Na sexta-feira (3), o Hamas declarou estar pronto para libertar os reféns mantidos em Gaza, aceitando a proposta de intercâmbio incluída na iniciativa de Trump. O grupo anunciou aprovação para a libertação de todos os reféns — vivos ou mortos — e pediu o início imediato de “negociações” sobre os detalhes do acordo.

O porta-voz do Hamas, Taher al-Nounou, classificou a declaração de Trump como “encorajadora” e afirmou que o grupo está disposto a iniciar o diálogo o quanto antes. Mesmo assim, fontes próximas ao movimento indicam que o Hamas quer discutir cláusulas específicas do plano, especialmente os pontos sobre desarmamento e expulsão de seus dirigentes, buscando garantir influência no futuro político do território.