
Era batata.
A 8ª Turma do TRF-4 rejeitou na quarta-feira, dia 28, o pedido da defesa de Lula para afastar Sergio Moro da condução do processo em que o ex-presidente é réu por recebimento de propina da Odebrecht.
A base do requerimento foi a palestra de Moro, acompanhado de seu minime Marcelo Bretas, na Petrobras no final do ano passado.
Para os advogados, houve “eventual aconselhamento das partes” — a Petrobras funciona como assistência da acusação em diversas ações penais da Lava Jato.
O desfecho era previsível, mas os argumentos são incrivelmente farsescos.
O relator, desembargador João Pedro Gebran Neto, considerou que o que houve no Rio de Janeiro foi um acontecimento “aberto ao público em geral” que não guardava relação com o processo.
Não é verdade.
Foi um evento fechado, que contou com a participação do presidente da empresa, Pedro Parente, diretoria e empregados convidados.
Segundo Gebran, as declarações de Moro “não diziam respeito aos fatos do processo, ainda que se originassem da experiência colhida ao longo da Operação Lava Jato”.
A coisa girou em torno de “aspectos internos e normas de compliance, ou seja, aquelas destinadas a evitar, detectar e tratar desvios e inconformidades de modo a minimizar ou afastar os riscos de corrupção”.
Ora.
O conteúdo da conferência não foi divulgado em nenhum veículo de comunicação. Não saiu na internet. Gebran, até onde se sabe, não estava presente.
Como ele sabe o que foi dito ali?
Pelas explicações dadas pelo próprio Sergio Moro em despacho? Quem garante que o magistrado não mencionou Lula e o PT?
Mais uma vez, para você sossegar: não vem ao caso.