
A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) foi recebida com constrangimento e vergonha entre generais que o apoiaram. O resultado do julgamento reacendeu o debate interno nas Forças Armadas sobre a escolha de apoiar sua candidatura e, sobretudo, a decisão de embarcar em seu governo.
Segundo a coluna de Andreza Matais no Metrópoles, oficiais que acreditavam em fortalecimento institucional, agora enxergam a associação a Bolsonaro como um fardo. Além de Bolsonaro, cinco militares de alta patente também foram condenados por participação na tentativa de golpe.
Estão na lista Almir Garnier, ex-comandante da Marinha; Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.
Especialistas em temas militares afirmam que Bolsonaro se tornou uma “desgraça” para os oficiais, deixando marcas na imagem das Forças Armadas. A percepção é de que o envolvimento em um projeto golpista comprometeu a confiança da sociedade nas instituições militares.

A repercussão das condenações também chegou ao Superior Tribunal Militar (STM). Ministros da Corte não pretendem abrir mão da custódia dos condenados, mesmo diante da gravidade dos crimes. O debate interno envolve a autonomia do tribunal diante do Supremo e os efeitos simbólicos para a hierarquia nas Forças Armadas.
A perda de patente, no entanto, não é competência direta do STM: o tribunal pode declarar o militar indigno de permanecer na carreira, mas a decisão final cabe ao comandante de cada Força. Esse processo deve ganhar relevância nos próximos meses, à medida que as sentenças forem executadas.
Mesmo os militares condenados terão direito a pensão deixada às esposas. No entanto, já há um acordo informal entre ministros e comandos militares para que esse benefício seja revisto em casos futuros. A medida seria uma resposta ao desgaste institucional.
Dentro das Forças, há a avaliação de que a condenação de nomes de peso, como Braga Netto e Augusto Heleno, aprofunda a crise de imagem. Ambos tinham projeção política e foram figuras-chave no governo Bolsonaro, o que torna ainda mais delicada a tarefa de recuperar a credibilidade diante da sociedade civil.