Generais suspeitam que filho de Bolsonaro usa software que invade celulares e retira conteúdo. Por Mino Pedrosa

Atualizado em 8 de julho de 2019 às 20:26
Carlos Bolsonaro e Jair Bolsonaro. Foto: Reprodução/Instagram

Publicado originalmente no QuidNovi

POR MINO PEDROSA

A reunião reservada no alto comando do Exército Brasileiro na manhã do dia 07 de junho de 2019, com seis generais da ativa e o ministro Santos Cruz, revelou a arma usada por Carlos Bolsonaro, filho do presidente, que culminou com a queda de dois ministros e caminha para o terceiro. NSO Group – Cyber Inteligence for Global Security, é a empresa mãe israelita que gerou o software usado pelo “02” de Bolsonaro. Pegasus é o nome da ferramenta utilizada na invasão de computadores e celulares para retirar conteúdo. Na reunião foi feita uma apresentação do software concorrente ao usado por Carlos Bolsonaro no combate aos seus desafetos, demostrando que a tecnologia foi aprimorada e realmente segundo a explanação, garante não ser possível a identificação do invasor.

Durante a reunião os generais ficaram perplexos quando o apresentador pediu apenas o número de um celular dos presentes para testar a capacidade da ferramenta. O resultado foi assustador e provocou algumas indagações pelo general Santos Cruz, ainda Ministro Chefe da Secretaria de Governo: “esse software é capaz de invadir celulares e computadores sem realmente deixar rastros? Respondeu o apresentador: “sim. E só existe dois no mundo, os dois são israelenses, sendo que o Pegasus deixa traço capaz de ser identificada a invasão. E mais! Peguem o aparelho do número testado e façam qualquer perícia em qualquer parte do mundo que o resultado será nulo para identificação da violação.

A invasão do celular testado durou 13 minutos e o resultado foi devastador. Na resma reunião foi comentado que o software Pegasus foi utilizado em 44 países e atualmente ainda é utilizado no Brasil. Na tensa reunião ficou claro o motivo real pelo qual Carlos Bolsonaro fez várias investidas para que o governo brasileiro adquirisse o software tão poderoso. Mas, sua intenção é montar um aparato paralelo a ABIN. Ao enfrentar Bebiano, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República, Carlos Bolsonaro se abasteceu de “informações” onde Bebiano vazava para a imprensa assuntos privados do presidente Jair Bolsonaro. O embate culminou com a queda do então ministro. Na ocasião, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa do filho e acusou o ministro de ter vazado para o site O Antagonista, informações privilegiadas. Na saída, Bebiano indignado respondeu sua exoneração com ameaças. Porém, após conversar com o presidente, desistiu. Ficando em silêncio e reconhecendo o potencial de Carlos.

De acordo com um relatório, o Pegasus foi criado como uma ferramenta legítima de investigação criminal para uso governamental com a finalidade de combater o terrorismo e o crime, permitindo que seu operador pudesse acessar a uma enorme quantidade de dados da “vítima”, como: mensagens de texto, informações de calendário, mensagens de WhatsApp, localização, microfone e câmera do dispositivo – tudo sem que a vítima pudesse perceber. O  spyware desenvolvido pela empresa israelita NSO Group, foi notícia em 2017, quando o jornal New York Times divulgou informações sobre uma investigação produzida pelo laboratório Citizen Lab, que destacou o uso da ferramenta no México para espionar jornalistas, assim como defensores dos direitos humanos e ativistas anticorrupção no âmbito de uma campanha de espionagem realizada pelo governo desde 2011. Em setembro de 2018, o Pegasus voltou a ganhar destaque.

Após a reunião os generais sentiram um clima perigoso em torno do general Heleno que convidado para participar da reunião, não compareceu, pois, atendia a agenda do presidente Jair Bolsonaro. O ministro Santos Cruz, não revelou ao presidente que teve acesso ao software poderoso e que ainda é mantido em sigilo. Sete dias após, na sexta-feira seguinte, Santos Cruz teve a sua exoneração publicada no Diário Oficial. Ali estava claramente demostrando o poder de Carlos Bolsonaro aos considerados adversários. Na caserna, militares de alta patente comentam que o 02 tem um núcleo de inteligência paralelo à Agência Brasileira de Inteligência Nacional (ABIN). A queda de Santos Cruz foi mais um troféu levantado por Carlos Bolsonaro que agora escolheu o general Augusto Heleno Ribeiro, ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e comandante da ABIN, como alvo por também criar dificuldades na implantação da ferramenta que ele acredita ter ajudado a eleger seu pai.

Com a vitória do genitor na eleição para presidente, o 02 como é chamado por Bolsonaro pretendia assumir o cargo de Ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República, porém, enfrentou a resistência dos militares que evitavam o desgaste do novo governo. A partir daí o 02 que sonhava ser o comandante da área de inteligência da presidência da república e colocar em prática o aparato tecnológico de que dispunha, vem mostrando sua força.

O concorrente do Pegasus está sendo guardado a sete chaves para contrapor Carlos Bolsonaro no momento exato em que a artilharia for virada contra o general, conselheiro do presidente e querido das Forças Armadas.  Paralelo a isso o Ministro da Justiça, Sérgio Moro e os procuradores da Força Tarefa da Operação Lava Jato, vítimas de invasão em seus telefones e computadores tentam desqualificar as notícias publicadas no site The Intercept. No entanto, já possuem convicção de que realmente houve uma invasão profissional em seus telefones e computadores. “A invasão não foi de hacker, meninos desocupados, mas, de profissionais”, revela Mouro para os parlamentares no congresso. Já nessa segunda-feira (08), o Ministro Sérgio Moro pediu licença de cinco dias para tratar de assuntos pessoais.

Por outro lado, os militares e diretores, da ABIN tem fortes suspeitas da ação de “fogo amigo”, contra Moro e os procuradores.