General indiciado falou em dar “bicuda” nas quatro linhas da constituição, revela PF

Atualizado em 24 de novembro de 2024 às 22:51
Mário Fernandes e Bolsonaro. Foto: Divulgação

O general da reserva Mário Fernandes, ex-integrante do governo Bolsonaro e um dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) na operação Contragolpe, afirmou em gravação que deu uma “bicuda” nas “quatro linhas da Constituição”. A declaração, transcrita nos documentos da PF, reforça as evidências de que o general era um dos principais articuladores de ações golpistas após as eleições de 2022.

De acordo com a investigação, a mensagem foi enviada em 24 de novembro de 2022, em um grupo de mensagens com outros conspiradores. Durante a conversa, um contato identificado como Sérgio comentou não suportar mais ouvir sobre o respeito às “quatro linhas da Constituição” — uma expressão frequentemente utilizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para se referir à necessidade de agir dentro dos limites constitucionais.

Em resposta, Mário Fernandes escreveu: “Meu pensamento é o mesmo, meu amigo. Eu já dei uma bicuda nessas quatro linhas há muito tempo”.

Os investigadores apontam que o general Mário Fernandes desempenhou um papel central nos planos para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele também é acusado de participar da formulação de um plano para assassinar autoridades, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Fernandes foi chefe na Secretaria-Geral da Presidência durante o governo Bolsonaro e, segundo as investigações, mantinha contato direto com acampamentos de manifestantes no Quartel-General do Exército em Brasília. Esses locais se tornaram palco de manifestações antidemocráticas no final de 2022.

Falas do general Mário Fernandes e de Silvio Almeida. Foto: Divulgação

Mário Fernandes foi preso em 19 de novembro de 2024, durante a operação Contragolpe, que desmantelou um grupo de militares e civis suspeitos de conspirar para um golpe de Estado. Segundo a PF, ele é considerado o mais radical entre os militares envolvidos.

A operação resultou no indiciamento de 37 pessoas, incluindo nomes de destaque no governo anterior, como Jair Bolsonaro, Augusto Heleno, Anderson Torres e Valdemar Costa Neto.

A gravação e outras provas reunidas pela PF mostram como os conspiradores, incluindo Fernandes, buscavam justificar e articular medidas extremas para interromper a transição de poder e garantir a permanência de Bolsonaro no comando do país.

A frase “jogar dentro das quatro linhas da Constituição” foi amplamente utilizada por Bolsonaro em 2022, como parte de um discurso que buscava aparentar moderação. A declaração de Mário Fernandes, no entanto, revela um afastamento radical dessa postura e reforça a gravidade das ações do grupo investigado.

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