General preso por golpismo festejou violência após diplomação de Lula: “Vai rolar sangue”

Atualizado em 24 de novembro de 2024 às 22:09
Mário Fernandes. Foto: Divulgação

O general Mário Fernandes, um dos 37 indiciados pela Polícia Federal (PF) por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado, celebrou os atos de violência ocorridos nos arredores da sede da PF, em Brasília, na noite de 12 de dezembro de 2022, após a cerimônia de diplomação do presidente Lula.

O episódio, que resultou em veículos incendiados e cenas de destruição, foi desencadeado pela prisão do líder indígena bolsonarista Cacique Tserere Xavante. Em áudios enviados ao coronel reformado Reginal Vieira de Abreu, conhecido como Velame, Mário Fernandes demonstrou entusiasmo com o início dos distúrbios.

“Tu viu que já começaram a radicalizar, né? A prisão do cacique ali já levou… Ó, aqui no início da Asa Norte, da W3 Norte, na sede da Polícia Federal, o pau tá comendo. Os distúrbios urbanos já iniciaram. Agora vai rolar sangue”, afirmou o general. As transcrições desses áudios estão presentes nos relatórios da PF aos quais a reportagem teve acesso.

Mário Fernandes, preso na última semana, é apontado como o militar mais radical envolvido na tentativa de golpe e em um suposto plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante o governo de Jair Bolsonaro, ele ocupou o cargo de chefe substituto da Secretaria-Geral da Presidência entre outubro de 2020 e janeiro de 2023.

Fala do general Mário Fernandes. Foto: Divulgação

Em outro áudio, enviado ao general da reserva Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro do governo Bolsonaro, Mário Fernandes voltou a demonstrar apoio às ações violentas promovidas pelos manifestantes golpistas, especialmente no dia da diplomação de Lula.

“Vai começar a rolar sangue. E nós sabemos que isso aí já era um prenúncio, já era anunciado. Certo? Vai acontecer, porra, não tem jeito. Quanto mais se retardar uma ação efetiva, mais vão acontecer eventos como esse”, declarou.

De acordo com as investigações da Polícia Federal, documentos encontrados em um HD externo de Mário Fernandes reforçam suas intenções golpistas. O general auxiliava ativamente os manifestantes acampados no Quartel-General do Exército, em Brasília, e teria elaborado um plano estratégico para executar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os relatórios também indicam que Mário Fernandes estava diretamente envolvido na articulação de ações para impedir a posse do presidente eleito Lula, consolidando sua posição como um dos principais mentores intelectuais por trás dos movimentos golpistas.

A conclusão da investigação da PF resultou no indiciamento de figuras de destaque, como Jair Bolsonaro, Walter Braga Netto e outros ex-integrantes do governo. As ações e discursos de Mário Fernandes exemplificam a gravidade das conspirações que colocaram o Estado democrático de direito em risco.

Conheça as redes sociais do DCM:

Facebook: https://www.facebook.com/diariodocentrodomundo

?Threads: https://www.threads.net/@dcm_on_line