Geração Z toma as ruas e derruba governo na Bulgária; veja VÍDEOS

Atualizado em 12 de dezembro de 2025 às 14:29
Protesto da Geração Z é registrado em imagem aérea em frente ao Parlamento na capital búlgara, Sofia. Foto: Divulgação

O primeiro-ministro da Bulgária, Rosen Zhelyazkov, anunciou sua renúncia nesta quinta-feira (11) após semanas de protestos em massa liderados pela Geração Z tomarem as ruas do país. A queda do governo marca um fato inédito na Europa, ao tornar a Bulgária o primeiro país do continente a ter um gabinete derrubado diretamente por um movimento jovem organizado.

As manifestações ocorrem em meio a uma onda global de protestos liderados por jovens que já resultaram na queda de governos em países como Bangladesh, Nepal, Sri Lanka e Madagascar. Em outras nações, como Sérvia, Filipinas, México e Peru, atos semelhantes seguem pressionando autoridades.

Na Bulgária, a mobilização ganhou força especialmente por pessoas nascidas entre 1997 e 2012, grupo identificado como Geração Z. Com forte domínio das redes sociais, os jovens passaram a ocupar as ruas contra o que classificam como autoritarismo, corrupção e desigualdade econômica.

O governo de Zhelyazkov, à frente de uma coalizão minoritária liderada pelo partido de centro-direita Cidadãos pelo Desenvolvimento Europeu da Bulgária, enfrentava crescente rejeição popular por suas políticas econômicas e por denúncias recorrentes de corrupção.

A renúncia foi anunciada minutos antes de o Parlamento votar uma moção de desconfiança que poderia derrubar formalmente o gabinete. Em pronunciamento televisionado, Zhelyazkov declarou: “Nossa coalizão se reuniu, discutimos a situação atual, os desafios que enfrentamos e as decisões que devemos tomar com responsabilidade”.

Na noite de quarta-feira (12), milhares de pessoas protestaram em Sófia e em dezenas de outras cidades. O premiê afirmou ter compreendido o recado das ruas. “Percebemos que os protestos foram contra a arrogância e a presunção. Não se trata de um protesto social, mas sim de um protesto por valores”, disse. “Não foi um encontro de opositores políticos sobre políticas, mas sim sobre atitudes, e, portanto, une diferentes componentes da sociedade búlgara”.

Mesmo após o governo recuar do projeto orçamentário para 2026, elaborado já em euros e que previa aumento de impostos e contribuições sociais, os protestos continuaram. A Bulgária se prepara para entrar na zona do euro em 1º de janeiro e vive instabilidade política, com sete eleições nacionais realizadas nos últimos quatro anos.

A oposição celebrou a renúncia, mas cobrou novos passos. “[A renúncia] é o primeiro passo para que a Bulgária se torne um país europeu normal”, afirmou Asen Vassilev, líder do partido Continuamos a Mudança.

“O próximo passo […] é realizar eleições justas e livres, que não sejam marcadas por manipulação eleitoral, como foi o caso das últimas eleições parlamentares”. O presidente Rumen Radev, que já havia pedido a saída do premiê, reforçou a pressão. “Entre a voz do povo e o medo da máfia, ouçam as praças públicas”, escreveu no Facebook.

Pela Constituição, caberá agora a ele tentar a formação de um novo governo ou nomear uma administração interina até novas eleições. Enquanto isso, o gabinete de Zhelyazkov permanece no cargo. Os protestos mais recentes tiveram participação majoritária de jovens.

Em Sófia, manifestantes gritavam frases como “não permitiremos que mintam para nós. Não permitiremos que nos roubem”. Faixas em frente ao Parlamento traziam dizeres como “a Geração Z está chegando” e “Bulgária jovem sem máfia”. O ato começou de forma pacífica, mas terminou em confrontos violentos com as forças de segurança.

Confira os vídeos das manifestações:

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.