Geraldo virou bananeira que deu cacho e começa a briga entre Doria e Bolsonaro no campo da extrema direita. Por José Cássio

Atualizado em 29 de outubro de 2018 às 8:46
O tucano Geraldo Alckmin – Daniel Ramalho/AFP

Se arrependimento matasse Geraldo Alckmin já teria ido dessa para melhor.

O tucano, que passou vergonha na eleição presidencial, errou em dose dupla com João Doria nos últimos dois anos.

Primeiro ao apostar no gestor na eleição para prefeito de São Paulo em 2016. E agora novamente ao virar as costas para o pupilo no segundo turno da eleição para o governo do Estado.

Eleito governador, Doria mandou o seu recado a Geraldo minutos após a confirmação de sua vitória.

“O importante é interpretar o recado que veio das urnas”, pontuou. “A correlação de forças vai mudar e o que posso garantir é que acabou o muro: o PSDB a partir de agora vai ter lado”.

Embora Doria tenha evitado o assunto, o secretário-geral do partido no estado, César Gontijo, não deu margem para dúvidas.

“Quem traiu que vá buscar o seu caminho fora do partido”, disse, em tom enfático. “Traidor não vai ficar com a gente”.

Três dias após o primeiro turno, Bia Doria, mulher do governador eleito, comentou sobre o presidente nacional do partido.

“João ficou totalmente engajado na campanha do Geraldo, o tempo inteiro. Quem não ficou engajado foi ele, que ficou do lado do Márcio França”, disse Bia, referindo-se ao rival do ex-prefeito. “Se tem alguém traidor, é o Alckmin”.

Para piorar as coisas para o ex-governador, um de seus principais aliados, o prefeito de Santos, Paulo Alexandre Barbosa, chegou a vestir uma camiseta do candidato do PSB. A chance dele ser expulso do partido é de quase 100 por cento.

Na militância, o que se fala é que Geraldo virou bananeira que deu cacho. Para se ter ideia do seu distanciamento, ele sequer ligou para parabenizar o gestor pela vitória.

Outro que estava com cara de tacho na comemoração era o prefeito  Bruno Covas, acusado pelo círculo íntimo de Doria de não ter se envolvido na campanha.

Situação aposta vivia a bolsonarista de extrema direita Joice Hasselmann, eleita deputada federal pelo PSL e chamada diversas vezes de “guerreira” pelo eleito.

Além de Joice, Doria também ressaltou o papel do MBL na campanha, deixando claro que vai apostar em lideranças jovens de perfil conservador.

A dúvida em relação ao novo governador é saber quanto tempo vai demorar o seu namoro com o presidente eleito, Jair Bolsonaro. Além de dividirem o mesmo eleitorado de extrema direita, ambos têm planos pessoais para as duas próximas eleições.

Em 2020, Bolsonaro certamente vai tentar influenciar na escolha para prefeito de São Paulo (uma das apostas é o seu próprio filho, deputado Eduardo Bolsonaro), enquanto Doria cobiçará a faixa de presidente em 2022.