Ghosn merecia o tratamento de um juiz imparcial e não-coercitivo como Sergio Moro. Por Moisés Mendes

Atualizado em 9 de janeiro de 2020 às 12:47
Presidente do Conselho de Administração da Nissan, Carlos Ghosn será demitido após denúncias de sonegação fiscal Foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP

Publicado originalmente no blog do autor:

POR MOISÉS MENDES

Coitado do foragido Carlos Ghosn, o sujeito denunciado por roubar da Nissan, que acusa os juízes japoneses de tortura e arbitrariedade.
Ghosn merecia o tratamento de um juiz imparcial, impessoal, isento, legalista, humanista e não-coercitivo como Sergio Moro.

Ghosn deveria conhecer as masmorras de Curitiba, as prisões preventivas intermináveis, os prêmios para delatores, a imposição de um juiz de primeira instância sobre ministros do Supremo, as escutas ilegais, os conluios entre procuradores e juiz, as condenações por convicção sem provas, a pressa inédita da segunda instância para reafirmar sentenças.

Ghosn deveria ter a chance de se submeter à estrutura lavajatista de Curitiba, antes de se queixar da cadeia de luxo de Tóquio.

Ghosn deve saber que um juiz japonês, mobilizado por um processo que envolve a Nissan, nunca seria, depois de expedir sua sentença, um alto funcionário da própria Nissan.