
O economista e filósofo Eduardo Giannetti afirmou que o Brasil precisa se libertar do que chamou de “colonialismo mental”, uma visão que faz o país se enxergar como uma cópia mal feita de nações desenvolvidas. Segundo ele, essa mentalidade alimenta a ideia de subdesenvolvimento e impede que o Brasil encontre seus próprios caminhos.
“A sociedade brasileira, principalmente nas elites, sempre conviveu com a ideia de que nós somos uma cópia mal feita de um país desenvolvido. Nós estamos eternamente tentando ser como eles são e nunca chegamos lá. Daí sermos subdesenvolvidos”, disse no programa WW Especial, com William Waack, na CNN Brasil.
Giannetti questionou diretamente a influência dos Estados Unidos como modelo a ser seguido: “E se o Brasil se desvencilhasse desse colonialismo mental e visse que os Estados Unidos não é modelo para ninguém?”.
Para o economista, a realidade americana expõe graves problemas sociais e econômicos: “É uma sociedade doente. Um jovem do sexo masculino de 18 anos americano tem uma probabilidade maior de morrer antes dos 50 anos do que um jovem de Bangladesh. São as mortes por desespero. Isso é modelo pra quem?”.
Ele citou o Nobel de Economia Angus Deaton, autor de “Mortes por Desespero”, para reforçar que a expectativa de vida nos Estados Unidos caiu antes da pandemia, continuou caindo durante a crise sanitária e segue em queda atualmente.
Giannetti destacou que, mesmo entre os 5% mais ricos do mundo, o americano de renda mediana se vê como um fracassado.
“Aos seus próprios olhos e aos olhos da sociedade em que vive ele é um derrotado, porque é medíocre. E ele está numa sociedade em que, se você não é bem-sucedido financeiramente, você não é ninguém. Essa sociedade esgotou. O Trump é sintoma de uma doença muito mais profunda que atinge a sociedade americana”, afirmou.
Na comparação com a Europa, Giannetti disse que a ausência desse fenômeno se explica pela existência de políticas públicas que dão segurança à população: “Por que não tem na Europa? Porque lá tem segurança econômica, tem previdência, tem saúde pública, tem um espectro de valores que não reduz uma pessoa a um único monovalor, que é o sucesso econômico.”
Para ele, a ascensão de Donald Trump é expressão de uma crise estrutural dos EUA. “O Trump é expressão de uma doença, e eu acho que a explicitação da gravidade da doença americana nos liberta desse fantasma de colonialismo mental, que é achar que a gente é um Estados Unidos fracassado. A gente não é. Nós temos outros valores”, disse.
Assista abaixo:
Eduardo Giannetti dá uma aula sobre a doença da nação dirigida por laranjão.
Orgulho de ser brasileiro!
LULA PÁTRIA LIVRE#LulaBrasilSempre pic.twitter.com/02m6661hi3— Alexandre PT (@AlexandrePT13CV) September 12, 2025