Gianni era um guerreiro e até o fim queria ir à biblioteca. Por Manuela Carta

Atualizado em 6 de maio de 2019 às 16:35
Gianni Carta e sua irmã, Manuela.

 

POR MANUELA CARTA

Ele combateu bravamente esse câncer nas vias biliares, nunca reclamou e olha que foi duro, cheio de complicações.

Mas o Gianni era um guerreiro inveterado.

A gente brincava que ele era mais do que dedicado em qualquer coisa que fizesse, quase obstinado.

No caso, ele foi um paciente incrível.

Gianni e o pai Mino Carta

Até o fim queria ir à biblioteca, discutir o ultimo livro do (Michel) Onfray, os gillets jaunes, o Bolsonaro.

Ainda ia dar alguns retoques finais num documentário sobre Lula, que deve ficar pronto em breve.

Teve a sorte de encontrar uma mulher maravilhosa, intelectual e designer de figurinos, Valerie Ranchoux, que cuidou dele até o final.

Parte muito jovem, 55 anos, mas me conforta saber que fez tudo o que quis, leu todos os livros, foi a todos os lugares e museus, cobriu os assuntos que quis.

Era muito discreto de todos os seus saberes. Não se gabava de tanto conhecimento e intelectualidade.

Mas aí, quando abria a boca, deixava a platéia embevecida.

Além disso, tinha carisma e savoir faire. E zero vaidade.

É verdade que brigávamos muito, mas também nos amávamos demais. Como bons filhos do Mino. Que sai aos seus…

Contávamos mesmo um com outro.

Perdi o companheiro das minhas melhores memórias da infância, e, sobretudo, um grande amigo…

E um adendo para meu amor: Gian, me desculpe se cometi algum excesso aqui, tentei seguir sua lição, ser sintética…

Você foi incrível e, como dizem os que já estão sentindo sua perda, fará falta por essas plagas.

Gianni e a esposa, Valerie Ranchoux