Em entrevista concedida ao jornal britânico The Guardian nesta sexta-feira (22), o cantor e compositor Gilberto Gil reafirmou seu posicionamento contrário ao presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem o cantor baiano atribui “uma visão de mundo retrógrada, que se opõe a qualquer tipo de avanço”.
O cantor está na Europa com a turnê “Nós, a Gente”, em comemoração aos seus 80 anos. A reportagem destacou a relevância de Gil no cenário artístico e político brasileiro. Gil usou o espaço para tecer novas críticas ao atual governo, falando sobre o “retrocesso” do Brasil nos últimos anos.
“A regressão a que fomos submetidos é impressionante. Mas o que esperar de uma pessoa que prefere abrir um clube de tiro a uma biblioteca?”, questionou o cantor.
Gil foi Ministro da Cultura do ex-presidente Lula (PT) entre 2003 e 2008. Logo após assumir a presidência Bolsonaro extinguiu o Ministério da Cultura e incorporou suas atribuições ao recém-criado Ministério da Cidadania. O governo também cortou recursos importantes destinados ao setor cultural.
O tropicalista criticou o sucateamento dos mecanismos de defesa do meio-ambiente na floresta amazônica promovido pelo atual mandatário afirmando que é “uma enorme depreciação da imagem do Brasil para o mundo”. “É como se estivéssemos nos descivilizando”, explicou. O ícone da MPB sempre foi atuante nas questões ambientais e é um dos fundadores do Instituto Onda Azul, ONG que criada em 1991 com o objetivo inicial de defender as águas dos mares e dos rios brasileiros.
O músico ainda destacou que a morte do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips na região do Vale do Javari, no Amazonas, representou “um crime bárbaro”. Gil descreveu os ativistas como “dois importantes agentes na luta pela preservação de nossas riquezas naturais e pela viabilidade de um futuro de relações ambientais mais justas e equilibradas”.
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