Gilmar acusa Eduardo Bolsonaro de articular ataque do Chega, de Portugal

Atualizado em 26 de junho de 2025 às 22:52
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), fazendo careta e gesticulando
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF) – Reprodução

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ironizou o líder do partido português Chega, André Ventura, após o político anunciar que pretende abrir uma investigação pessoal sobre as conexões e o patrimônio do magistrado em Portugal. A declaração foi feita no contexto do evento internacional promovido anualmente por Gilmar, apelidado de “Gilmarpalooza”.

O evento reúne autoridades dos três poderes, empresários e acadêmicos em Lisboa, e já se tornou tradição no calendário jurídico-político. Segundo Gilmar, essa nova controvérsia teria sido alimentada por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, conforme suas palavras, “anda nos Estados Unidos dizendo que fecharia o STF com um cabo e um soldado”.

Em entrevista ao portal Metrópoles, o ministro demonstrou bom humor ao comentar o episódio. “Recebo (a ameaça) com extremo bom humor. Passamos por vários momentos nesses 13 anos do fórum. Já disseram que era o ‘Fórum do impeachment da Dilma’. Um professor já protestou na porta. Agora temos esse episódio”, declarou.

Gilmar também debochou da alcunha “Gilmarpalooza” dada ao evento, em alusão ao festival de música Lollapalooza. “Eu acho graça, é bem-humorado. Vai além de mim. É um evento bipartite com a Universidade de Lisboa, a FGV e muitos colaboradores. São mais de 3 mil inscritos e 400 palestrantes em 50 painéis”, explicou.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) falando, sério, sem olhar para a câmera, em close
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) – Reprodução

De acordo com o ministro, a escolha de Lisboa como sede se deve ao excesso de eventos jurídicos no Brasil, o que motivou a busca por um espaço alternativo com menor saturação. O fórum deste ano terá como tema central: “O mundo em transformação – Direito, democracia e sustentabilidade na era inteligente”.

Eduardo Bolsonaro, segundo o próprio Gilmar, deixou o Brasil e está nos Estados Unidos temendo uma eventual prisão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, por conta de seu envolvimento na tentativa de golpe para manter Jair Bolsonaro no poder após a derrota nas eleições de 2022.

O partido Chega, liderado por André Ventura, é a segunda maior força política de Portugal e tem perfil de extrema-direita. A aliança informal entre bolsonaristas e o Chega em eventos como esse tem gerado tensão e críticas na comunidade internacional.

A repercussão do evento foi tamanha que, segundo relatos, os voos saindo de Brasília com destino a Lisboa nos primeiros dias de julho estão esgotados. O “Gilmarpalooza” será realizado entre 2 e 4 de julho na capital portuguesa.