No início do governo de Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Economia Paulo Guedes encontrou com o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para discutir temas da pauta econômica que tramitavam na Corte. Durante esta conversa, Gilmar fez um elogiou a Guedes por ter articulado o convite ao ex-juiz Sergio Moro para se tornar ministro da Justiça do governo.
No entanto, o que se tratava de um elogio, na verdade, era ironia, segundo o que é relatado no livro “O Fim da Lava-Jato”, de Aguirre Talento e Bela Megale.
Na reunião, Guedes mostrava orgulho por ter articulado o convite a Moro e contava detalhes do episódio, mas errou ao procurar aprovação com o interlocutor, já que Gilmar Mendes era um dos principais críticos do então juiz da Lava-Jato.
O ministro interrompeu Guedes e causou espanto à equipe que estava presente, ao dizer: “Ministro Paulo Guedes, coloque isso no seu currículo. Isso talvez seja um dos grandes legados que o senhor deixa no ministério e no governo dos senhores. Tem muita gente, amigos meus do Congresso, que vaticinam que talvez o governo dos senhores não termine. Não sei, faço votos que termine. Mas coloque isso no seu currículo, é uma grande contribuição que o senhor deu ao Brasil. O senhor conseguiu tirar o Moro de Curitiba”, disse Gilmar à época, conforme narrado no livro.
O elogio tomado de ironia do ministro do STF não era por Moro ter se tornado ministro, mas sim pelo fato de ele ter deixado o posto de juiz da Lava-Jato.
“O Fim da Lava-Jato” será lançado na quarta-feira (29/6) em Brasília, na Livraria da Travessa (Shopping CasaPark). Em São Paulo, o lançamento acontecerá no dia 5 de julho, na Livraria Martins Fontes.