
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, reagiu com firmeza à carta enviada por Donald Trump a Jair Bolsonaro. Segundo a integrante do governo Lula, o gesto do presidente dos Estados Unidos revela uma clara tentativa de chantagem contra o Brasil, especialmente diante das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros anunciadas pelos norte-americanos na última semana. Para Gleisi, o objetivo de Trump seria pressionar o país a interferir no julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF).
A ministra afirmou que o governo brasileiro não aceitará abrir mão de sua soberania para atender interesses estrangeiros. “O estadunidense exige que o país desista da soberania nacional, de nossa Justiça e nossas leis, para desarmar as tarifas e sanções que ameaça impor ao país”, escreveu Gleisi. A crítica foi publicada após a carta de Trump, na qual o presidente dos EUA cobra o fim do que chamou de “regime ridículo de censura” no Brasil.
O julgamento de Bolsonaro no STF, previsto para as próximas semanas, será decisivo sobre sua responsabilidade na tentativa de golpe de Estado em 2022, quando o ex-presidente não aceitou a derrota nas urnas. Gleisi destacou que a aproximação da data do julgamento torna ainda mais evidente a tentativa de Bolsonaro de priorizar seus próprios interesses, mesmo que isso signifique submeter o Brasil a pressões externas.
A carta de Donald Trump a Jair Bolsonaro expõe cruamente a chantagem que estão fazendo contra o Brasil. O estadunidense exige que o país desista da soberania nacional, de nossa Justiça e nossas leis, para desarmar as tarifas e sanções que ameaça impor ao país. Quanto mais se…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) July 17, 2025
Na carta publicada na rede social “Truth”, Trump classificou as tarifas contra o Brasil como um gesto de desaprovação ao tratamento dado a Bolsonaro. O líder norte-americano pediu que o julgamento do aliado político termine imediatamente, reforçando que sua insatisfação seria expressa não só em palavras, mas também por meio da política tarifária contra produtos brasileiros.
O governo Lula, por sua vez, já havia classificado o movimento de Trump como uma afronta à soberania nacional. O presidente Lula declarou que essa postura configura uma chantagem inaceitável e acusou alguns políticos brasileiros de serem “traidores da pátria” por se alinharem a interesses estrangeiros que atentam contra a Justiça brasileira.
O episódio aprofunda a tensão nas relações entre Brasil e Estados Unidos, especialmente sob o comando de Trump, que voltou à presidência norte-americana em 2024. As críticas de Gleisi evidenciam o repúdio do governo brasileiro a qualquer tentativa de ingerência internacional em assuntos internos, sobretudo no que diz respeito à Justiça e ao Estado Democrático de Direito.