Gleisi convoca reunião no Planalto para frear pressão por anistia

Atualizado em 7 de setembro de 2025 às 16:19
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

A ministra Gleisi Hoffmann (Secretaria de Relações Institucionais) convocou para esta segunda-feira (8) uma reunião no Palácio do Planalto com ministros de partidos de centro e centro-direita para alinhar estratégias contra o avanço da proposta de anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. O governo Lula considera o projeto inconstitucional e teme que sua aprovação seja interpretada como sinal de fragilidade diante da pressão do Congresso e da ofensiva do presidente dos EUA, Donald Trump.

A movimentação ocorre após negociações ganharem força na Câmara, com apoio de partidos do centrão e articulação direta do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O grupo pressiona pela votação de um texto que pode até revogar a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, além de beneficiar aliados políticos e condenados por crimes ligados à trama golpista.

Segundo auxiliares, a orientação do Planalto é de oposição total à anistia, e Gleisi deve cobrar dos ministros de MDB, PSD, União Brasil, PP e Republicanos uma atuação ativa junto às suas bancadas. A ideia é unificar a posição do governo e evitar que o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), leve o tema ao plenário. Nos últimos dias, Motta admitiu que avalia pautar o assunto, o que foi lido como sinal verde ao centrão.

Hugo Motta em entrevista à GloboNews. Foto: reprodução

O avanço das conversas sobre anistia também coincide com o desembarque de União Brasil e PP do governo, anunciado na semana passada. As duas siglas, que controlam quatro ministérios e cargos estratégicos como a Caixa Econômica e a Codevasf, passaram a defender um perdão mais amplo, incluindo o ex-presidente Bolsonaro. O movimento elevou a tensão com o Planalto, que passou a ver risco de derrota no Congresso.

No Senado, porém, há resistência. O presidente da CCJ, Otto Alencar (PSD-BA), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) já afirmaram que não aceitarão discutir um projeto de anistia que beneficie líderes e financiadores do golpe. Alcolumbre (União-AP), presidente da Casa, também defende apenas eventual redução de penas, sem incluir Bolsonaro ou outros nomes do alto escalão.

Além da anistia, o encontro convocado por Gleisi deve tratar de pautas prioritárias do governo, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5.000 e a PEC da Segurança Pública. Para o Planalto, colocar projetos de apelo popular em votação pode reduzir a pressão sobre a Câmara e enfraquecer a ofensiva do centrão. As informações são da Folha.