
Em postagem na rede X, Gleisi afirmou que o ex-presidente estadunidense Donald Trump, responsável pela medida, estaria agindo de forma seletiva. A ministra cobrou coerência e sugeriu que o republicano deveria, em vez disso, usar o mesmo mecanismo legal contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
“Nenhum país tem o direito de agir como dono do mundo, mas se Trump quisesse mesmo punir o terrorismo, o genocídio e os ataques aos direitos humanos, devia usar a Lei Magnitsky contra seu parceiro Netanyahu, pelo massacre desumano em Gaza”, escreveu.
A fala de Gleisi faz referência à guerra entre Israel e o grupo Hamas na Faixa de Gaza, que já resultou em milhares de mortes e gerou condenações internacionais por possíveis violações ao direito humanitário. O governo brasileiro tem mantido uma posição crítica em relação à condução da ofensiva israelense, classificando como desproporcional o uso da força contra civis.
A ministra também aproveitou para defender o Supremo Tribunal Federal e o ministro Alexandre de Moraes no contexto interno, mencionando o inquérito que investiga o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe.
“Aqui no Brasil, o ministro Alexandre de Moraes é relator de uma ação penal contra Jair Bolsonaro, que tramou um golpe de estado para implantar a ditadura. O STF atua rigorosamente no devido processo legal: os réus tiveram garantia do contraditório e direito de defesa, que entra agora na fase de alegações finais antes do julgamento. É assim que funciona a Justiça, algo que nem Trump nem Bolsonaro querem aceitar, porque a extrema-direita não convive com a democracia”, afirmou Gleisi.
Nenhum país tem o direito de agir como dono do mundo, mas se Trump quisesse mesmo punir o terrorismo, o genocídio e os ataques aos direitos humanos, devia usar a Lei Magnitisky contra seu parceiro Netanyahu, pelo massacre desumano em Gaza. Aqui no Brasil, o ministro Alexandre de…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) July 31, 2025
A sanção contra Moraes foi formalizada pelo governo dos Estados Unidos na quarta-feira (30), incluindo o nome do magistrado em uma lista de restrições previstas pela Lei Magnitsky. As medidas têm caráter financeiro e podem resultar no congelamento de bens e bloqueio de contas em instituições que operam nos Estados Unidos ou sob jurisdição estadunidense.
A decisão do governo Trump gerou forte reação institucional no Brasil. Em nota divulgada ainda na noite de quarta, o presidente Lula classificou a atitude como inaceitável e reafirmou a defesa da soberania nacional.
“É inaceitável a interferência do governo norte-americano na Justiça brasileira. O governo brasileiro se solidariza com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, alvo de sanções motivadas pela ação de políticos brasileiros que traem nossa pátria e nosso povo em defesa dos próprios interesses”, declarou o presidente.
As críticas também ecoaram no Congresso Nacional e entre ministros do Supremo. Para integrantes do governo, as sanções refletem pressão política liderada por parlamentares bolsonaristas que atuam em articulação com a extrema-direita internacional, inclusive em solo estadunidense.
A Lei Magnitsky já foi usada pelos EUA contra autoridades da Rússia, China e outros países acusados de repressão ou corrupção em larga escala. Esta é a primeira vez que um ministro de uma corte suprema de um país aliadom e democrático, é incluído na lista, o que tem sido interpretado como uma ruptura nos protocolos tradicionais de diplomacia jurídica.