Gleisi Hoffmann diz que PT deve desconsiderar ataques de Ciro Gomes em nome da aliança com PDT

Atualizado em 20 de setembro de 2019 às 8:29

 

Gleisi Hoffmann. Foto: Reprodução/Twitter

Com a reeleição à presidência do PT encaminhada, a partir dos resultados das consultas do partido em nível municipal, a deputada Gleisi Hoffmann concedeu entrevista ao DCM, na qual falou sobre os ataques de Ciro Gomes, que chegou a dizer que Lula se corrompeu.

“A melhor coisa que fazemos é desconsiderar o que ele está falando porque não acreditamos nisso, sabemos que o Lula não se corrompeu, sabemos que o Lula é inocente e queremos defender que o Lula, já que o sistema quer julgá-lo, que pelo menos tenha um julgamento justo, por um juiz isento. E vamos continuar defendendo isso, e vamos continuar defendendo as lutas do povo brasileiro e repito: na maioria dessas lutas, quase todas, nós estamos juntos com o PDT:, disse.

Gleisi não acredita que o ex-candidato a presidente pelo PDT possa inviabilizar alianças com o partido nas eleições municipais do ano que vem.

“Se nós tivemos um candidato em determinado município do PDT que seja mais viável e a gente possa formar uma frente de esquerda, nós vamos fazer, assim como eu acho que o PDT vai ter essa avaliação”, afirmou.

Em seguida, a presidente lembrou que os dois partidos estão unidos em várias frentes. “Estamos juntos contra a reforma da Previdência, contra os cortes na Educação e em defesa da soberania e da Amazônia, Temos muito mais pautas que nos unem do que nos separaram. Não acredito que Ciro seja grande o bastante para nos separar nesse processo de luta”, concluiu.

Gleisi manifestou ainda a expectativa de que o Brasil volte a ser governado pelo PT, em aliança com partidos progressistas. Ela lembrou que, na Argentina, o projeto de Maurício Macri, o mesmo de Bolsonaro e Paulo Guedes, fracassou, e isso acontecerá também no país, já que não atende às demandas de uma nação com grandes desigualdades sociais.

“Será preciso fazer uma discussão sobre a reforma do Estado. Infelizmente, nossas instituições são frágeis, grande parte dela foi cooptada pelos interesses corporativos”.

Gleisi também alertou para a necessidade do PT se reconectar com bases sociais, já que, desde que se tornou governo, passou mais a se dedicar com a política institucional.

“É óbvio que, ao ganharmos o governo central, o governo federal, isso exigiu do partido um esforço muito grande de concentração para tocar esse governo. Os nossos quadros, praticamente todos, foram para o governo, nossos dirigentes, dirigentes intermediários, para poder ajudar a fazer o governo ter resultado. E é óbvio que isso teve um efeito sobre o partido, um esvaziamento do partido, e teve uma segunda geração de lideranças, de dirigentes, que talvez não estivesse tão preparada ainda para aquele desafio e que tinha de ser testada, e é óbvio que isso teve consequências. Ao ter esta ida para o institucional, dessa maneira tão forte, ganhar o governo central, isso teve efeito sim e isso deu uma característica mais institucional ao PT, porque muitas lutas do governo se davam no parlamento. Acho que uma das coisas que deixamos de fazer, inclusive enquanto era governo, foi disputar a consciência crítica da sociedade. Nós avaliamos, acho que erradamente, que a política que nós fazíamos, inclusive a econômica, a social, de benefício para as pessoas, era suficiente para conscientização política das pessoas em relação a um projeto de país, e não era”.

Veja a entrevista completa de Gleisi no vídeo abaixo: