Gleisi rebate editorial da Folha sobre fim da escala 6×1

Atualizado em 27 de dezembro de 2025 às 14:25
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann. Foto: TON MOLINA/FOTOARENA

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, publicou neste sábado (27) uma nota na rede social X em reação ao editorial “A fantasia da redução da jornada de trabalho”, divulgado pela Folha de S.Paulo na noite de sexta-feira (26). O texto do jornal aborda o debate sobre o fim da escala 6×1 e questiona a viabilidade da proposta.

Na publicação, Gleisi afirmou que o editorial “vai na contramão do movimento cada vez mais amplo pelo fim da escala 6×1”. A ministra classificou a pauta como uma “justíssima reivindicação” que, segundo ela, “o governo do presidente Lula está apoiando com firmeza”.

Gleisi também contestou o argumento central apresentado pelo jornal, que aponta a ausência de estudos técnicos sobre a redução da jornada. Segundo ela, a Folha afirma que não há dados que sustentem a proposta, mas “não apresenta nenhum ‘estudo técnico’ em apoio à exploração que ela defende”.

No texto publicado na rede social, a ministra destacou que jornadas semanais menores já são adotadas em outros países. Ela escreveu que “a jornada semanal de 40 horas ou menos é uma realidade na maioria dos grandes países” e ressaltou que a medida integra uma “reivindicação histórica dos trabalhadores brasileiros”.

Gleisi ainda associou o debate à qualidade de vida. Para ela, “ter tempo para viver é um direito que precisa ser colocado em prática”, ao mencionar a relação entre carga horária e organização da vida pessoal.

No trecho final da nota, a ministra citou avanços consolidados na legislação trabalhista brasileira. Segundo ela, “se dependesse de editoriais como o da Folha”, os trabalhadores não teriam conquistado direitos como “salário-mínimo, férias remuneradas de 30 dias, 13º salário” e a “jornada de 8 horas por dia”.

Ela acrescentou que, sob a mesma lógica criticada, o país não teria avançado em marcos históricos. “Aliás, se dependesse de editoriais como esse, não teríamos nem a abolição do trabalho escravo”, escreveu.

O editorial da Folha argumenta que o debate ganhou força no cenário político e eleitoral sem estudos técnicos que comprovem sua viabilidade econômica. O texto afirma que regulações consideradas irrealistas podem ampliar a informalidade ou resultar em perda de renda, além de questionar a capacidade das leis de gerar vagas e salários nas condições pretendidas.

Veja a nota da ministra na íntegra:

Editorial da @folha  vai na contramão do movimento cada vez mais amplo pelo fim da escala 6×1, justíssima reivindicação que o governo do presidente @LulaOficial está apoiando com firmeza. A Folha diz que não há “estudos técnicos” sobre a viabilidade da proposta, mas não apresenta nenhum “estudo técnico” em apoio à exploração que ela defende. A jornada semanal de 40 horas ou menos é uma realidade na maioria dos grandes países e uma reivindicação histórica dos trabalhadores brasileiros. Ter tempo para viver é um direito que precisa ser colocado em prática. Se dependesse de editoriais como o da Folha, os trabalhadores do Brasil não teriam direito ao salário-mínimo, férias remuneradas de 30 dias, 13º. Salário, jornada de 8 horas por dia. Aliás, se dependesse de editoriais como esse, não teríamos nem a abolição do trabalho escravo.

Lindiane Seno
Lindiane é advogada, redatora e produtora de lives no DCM TV.