
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, se reuniu nesta segunda-feira (8) com líderes da base governista no Congresso para definir as prioridades legislativas até o fim do ano. O foco da reunião foi estabelecer pautas que atendam às necessidades do povo brasileiro e sejam alinhadas com as propostas do governo, evitando que temas polarizadores dominem a agenda política.
“Tivemos hoje uma boa reunião com ministros de partidos da base do governo no Congresso, para tratar da agenda legislativa até o final do ano”, afirmou Gleisi em publicação feita em sua conta no X.
Embora o governo tenha evitado se aprofundar nas pautas polêmicas, como a anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a ministra reforçou a necessidade de focar nas questões que realmente importam para a população, como a isenção do Imposto de Renda (IR) até R$ 5 mil, a redução da conta de luz e a PEC da Segurança Pública.
Após o encontro, Gleisi marcou os parlamentares Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara dos Deputados, e Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), presidente do Senado, como figuras centrais para garantir que as pautas essenciais avancem, mesmo com a pressão bolsonarista pela votação de uma anistia.
“Todos concordamos em fortalecer as pautas da isenção do IR até R$ 5 mil, as MPs da redução da conta de luz, do Gás do Povo, a PEC da Segurança Pública, entre outras. Esta é a agenda que dialoga com os interesses do país e do povo, em consonância com o que vêm afirmando os presidentes Hugo Motta e Davi Alcolumbre”, afirmou a ministra.
Tivemos hoje uma boa reunião com ministros de partidos da base do governo no Congresso, para tratar da agenda legislativa até o final do ano.
Todos concordamos em fortalecer as pautas da isenção do IR até R$ 5 mil, as MPs da redução da conta de luz, do Gás do Povo, a PEC da…— Gleisi Hoffmann (@gleisi) September 8, 2025
A mobilização vem em um momento crítico, com a articulação do centrão e a pressão crescente de partidos como o PP, PSD, MDB e União Brasil para pautar a anistia aos golpistas.
Esse movimento ganhou força especialmente após o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), entrar diretamente na negociação, pressionando pela aprovação de um texto que pode revogar a inelegibilidade de Jair Bolsonaro e beneficiar outros envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
De acordo com fontes próximas ao Planalto, a orientação é de oposição total a essa pauta, e Gleisi espera que ministros de partidos como MDB, PSD, PP e União Brasil atuem ativamente junto às suas bancadas para evitar que o presidente da Câmara, Hugo Motta, coloque o tema da anistia em votação.
Nos últimos dias, Motta admitiu que poderia pautar a anistia, o que foi interpretado como um sinal verde para o centrão. A movimentação pela anistia também está ocorrendo em um contexto de crise no governo, com União Brasil e PP deixando a base aliada e passando a defender um perdão mais amplo, que incluiria Bolsonaro.
Esses partidos controlam quatro ministérios e cargos estratégicos, como a Caixa Econômica e a Codevasf, e sua saída do governo trouxe maior tensão ao Planalto, que agora vê um risco real de derrota no Congresso.
Por outro lado, o Senado apresenta resistência a qualquer proposta de anistia que beneficie figuras chave do golpe de 8 de janeiro. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Otto Alencar (PSD-BA), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) já se posicionaram contra a ideia de discutir uma anistia aos responsáveis pelo golpe, incluindo Bolsonaro.
Alcolumbre também se opõe à proposta e defende apenas uma possível redução de penas para os envolvidos, mas sem estender a medida ao ex-presidente ou outros membros do alto escalão.