Globo, isentismo e cara de pau. Por Gilberto Maringoni

Atualizado em 20 de julho de 2019 às 9:35
Renata Vasconcelos. Foto: Reprodução/Globo

PUBLICADO NO FACEBOOK DE GILBERTO MARINGONI

POR GILBERTO MARINGONI

A nota da Globo contra Bolsonaro, lida no Jornal Nacional por Renata Vasconcelos é calhorda. Milton Temer já advertiu sobre isso. Para atacar Bolsonaro, o monopólio dispara torpemente sua artilharia contra o PT, acusando a agremiação de já ter atacado Míriam Leitão, “inclusive em sua vida pessoal”.

Não há termo de comparação entre a investida de um defensor da ditadura e da tortura com críticas eventuais dos aliados de Lula.

A Globo ressuscita a teoria dos dois demônios, que em outras épocas buscava colocar no mesmo plano – com sinais trocados – nazismo e socialismo e ditadura e militantes da luta armada, sem levar em conta a existência de uma agressão preliminar e dos propósitos de cada lado da disputa. Trata-se de um paradigma liberal, muito bem formulado por Hanna Arendt em “Origens do totalitarismo”. Nessa lógica, há luta de classes, não há projetos. Se os dois lados são maus, fiquemos com o status quo, apesar de todos os seus pesares.

A teoria dos dois demônios desemboca no isentismo pretensamente centrista de nossos dias. Assim, a nota da Globo poderia até ser levada em conta, não fosse um pequeno detalhe: a empresa dos Marinho apoiou o golpe.

Não apenas um, mas dois, o de 1964 e o de 2016. Daqui a trinta anos, diante da evidência do desastre, lançará uma nota, justificando tudo e dizendo que foi mal, galera, desculpaí…

A Globo é calhorda. Nunca nos esqueçamos disso.