Golpe na Bolívia mostra que a democracia é sempre instável em países que não completaram a revolução industrial. Por Bresser-Pereira

Atualizado em 14 de novembro de 2019 às 11:24

PUBLICADO ORIGINALMENTE NO FACEBOOK DO AUTOR.

Na Bolívia, mais um golpe de Estado: Evo Morales foi obrigado a renunciar. A Bolívia, país muito pobre, foi vítima de golpes e mais golpes que confirmam um fato simples: em países que não completaram sua revolução industrial e capitalista, a democracia é sempre instável.

Morales é um político indígena de esquerda que, para surpresa de muitos, governou seu país nos últimos 14 anos com rara competência. Garantiu a seu país estabilidade e uma excelente taxa de crescimento econômico.

Entretanto, há cerca de um ano vinha encontrando problemas inclusive com indígenas. E foi nesse quadro difícil que enfrentou recentemente uma quarta eleição na qual ele cometeu um grande erro.

Quando começou a se tornar claro que ele venceria o pleito, mas teria que enfrentar um segundo turno, as apurações foram suspensas por um dia e, em seguida, os resultados mudaram a favor de Morales.

A direita boliviana, que sempre esteve no poder, e sempre foi liberal e corrupta ou então liberal e incompetente, aproveitou-se desse erro para pressionar pela renúncia de Morales. Sem apoio dos militares e sob pressão da Organização dos Estados Americanos, Morales renunciou. Vemos, assim, mais uma vez, como é difícil a sorte dos países na periferia do capitalismo.

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Nota da Redação: o Brasil tem indústria, mas não tem industriais no sentido de líderes políticos. Já os setores rural e financeiro dominam a política e, por isso, a democracia por aqui também é frágil.