
O pseudo-jornalista bolsonarista Paulo Figueiredo, neto do último presidente da ditadura militar, João Baptista Figueiredo, negou ter postura diferente da de seu avô assassino e afirmou querer “continuar o legado” dele. A declaração foi dada em resposta a uma reportagem da Folha de S.Paulo que comparou sua atuação nos EUA com a política externa do ditador.
“A Folha de S.Paulo erra ao comparar minha atuação atual nos EUA com a política externa do meu avô, o presidente João Baptista Figueiredo, ignorando o contexto histórico e o conteúdo real de suas posições. Como chefe de Estado, ele tinha deveres institucionais e, no discurso da ONU em 1982, criticou invasões e ocupações militares — não a diplomacia ou o apoio entre nações amigas”, afirmou.
Segundo o bolsonarista, o avô “manteve relações próximas com Ronald Reagan, que o recebeu na Casa Branca como hóspede oficial em recepção de gala, visitou o Brasil, e com quem negociou apoio crucial: renegociação da dívida externa, linhas de crédito norte-americanas, respaldo do Tesouro dos EUA junto ao FMI e cooperação em segurança e tecnologia”.
O discurso citado pelo neto ocorreu na abertura de evento da ONU (Organização das Nações Unidas) em 1982. Na ocasião, o então presidente criticou a ocupação do Afeganistão durante a Guerra Fria: “Não se pode aceitar que, em razão da política de blocos, ocorra a ocupação de países soberanos e a interferência em seus assuntos próprios e se imponham limites à sua liberdade”.

Paulo Figueiredo afirmou que pretende seguir o “pragmatismo ecumênico e responsável” da política externa de seu avô e do antecessor Ernesto Geisel. Ele citou também a Lei da Anistia de 1979, sancionada pelo familiar. “[João Baptista Figueiredo] não pediu a Reagan o ‘restabelecimento das liberdades’ porque era exatamente o que estava conduzindo: anistia ampla, geral e irrestrita, fim da censura e devolução pacífica do poder aos civis”, prosseguiu.
O bolsonarista tem participado de uma articulação golpista nos EUA junto do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para buscar sanções contra o Brasil e tentar evitar a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em 1984, João Figueiredo sancionou a PNI (Política Nacional de Informática) para incentivar o setor no Brasil e restringir importações. Os EUA responderam com uma investigação sobre práticas desleais de comércio e Reagan chegou a anunciar uma sobretaxa de 100% sobre diversos produtos.