
Em novo espaço dado pelo jornal Estadão, o ex-candidato à presidência e deputado federal, Aécio Neves (PSDB) disse que seu partido, que elegeu somente 13 deputados federais nas últimas eleições, deve “endurecer o discurso oposicionista”. Para o neto de Tancredo Neves, “não dá para ficar nesse nem-nem, que ninguém sabe o que é”.
Com a eminência de condenações de bolsonaristas importantes, como Ricardo Salles (PL-SP) acusado de quatro crimes enquanto ministro do Meio-Ambiente, e do próprio Jair Bolsonaro (PL), enrolado nas investigações sobre a vendas de joias que ele ganhou de presente, a imprensa paulista soma esforços para alavancar novamente o nome de Aécio ao protagonismo no cenário político.
Nos últimos dias, o próprio Estadão destacou uma promessa do tucano de que seu partido “voltará”. Já a Folha de S.Paulo, destacou no sábado passado (26) que Aécio era o “vencedor da semana, e Moraes, o perdedor”. Mas ninguém sabe qual era este conflito.
Nesse novo destaque do veículo da “escolha muito difícil” de 2018, o Estado de S. Paulo classificou o político mineiro como “alvejado pela Lava Jato e por denúncias de corrupção no caso JBS”. Contradizendo o jornal paulista, documentos obtidos em 2019 comprovam que Aécio Neves teve seu próprio mensalão, mas que a investigação foi abafada pelo Congresso e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Destacando até as “barbas grisalhas” no novo visual, o Estadão reconheceu que o PSDB “hoje amarga a falência política”, mas abriu espaço para o deputado federal explicar que a legenda irá criar um núcleo de avaliação e acompanhamento dos programas lançados no terceiro mandato do presidente Lula (PT).

Em 2017, quando recebeu as primeiras denúncias de corrupção, Neves era senador da república. Ele foi acusado de pedir R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, para fortalecer as pautas da empresa no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) inocentou o parlamentar.
“Tentaram nos matar, mas não conseguiram. Estamos vivos. Fui abatido por essas denúncias e hoje me sinto mais leve (…) Não me curvei”, disse na entrevista. Antes de falar que não olha “para trás”, Aécio Neves contou que “talvez, se o PSDB tivesse na época um porcentual da coragem que tem o PT de defender os seus, as coisas seriam diferentes”.
Na longa entrevista, o mineiro se esquivou do discurso que botava em questão a segurança das urnas, alegando que não era ele quem tinha desconfiança, “mas que existem questionamentos de setores da sociedade, existem”. Sobre a Lava Jato, da qual ele era defensor enquanto apenas o PT era alvo, Neves explicou que a investigação “desvirtuou” após “alguns procuradores se sentirem acima do bem e do mal”. “Existia ali um conluio. Eu sei que as pessoas não gostam muito de entrar nisso, mas é o que aconteceu”, argumentou.