
A viagem do senador Marcos do Val (Podemos-ES) para os Estados Unidos, contrariando decisão do ministro Alexandre de Moraes, provocou desconforto entre aliados de Jair Bolsonaro envolvidos em articulações no exterior.
Golpistas que atuam para convencer autoridades americanas a aplicar a Lei Magnitsky contra Moraes veem a presença de Do Val em Washington como um possível “elemento desestabilizador” dessas negociações.
O senador é considerado totalmente biruta e já deu demonstrações de confusão mental públicas em lives alopradas.
Em 2023, do Val depôs à Polícia Federal no inquérito que apurava um suposto plano para gravar Moraes, com o objetivo de anular as eleições presidenciais de 2022.
No primeiro depoimento, afirmou que a proposta foi discutida em uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro e Silveira. Segundo o senador, Bolsonaro permaneceu em silêncio durante a conversa e, em nenhum momento, demonstrou rejeição à ideia ou a desautorizou.
Desde então, Marcos do Val apresentou diferentes versões do episódio. Em abril daquele ano, reafirmou que a proposta partiu de Daniel Silveira e voltou a destacar a omissão de Bolsonaro durante o encontro.
Eu não iria falar nada sobre esse cara, daí o YT colocou o vídeo desse maluco na minha TL.
Segundo o senador, tudo que está acontecendo é por causa dele e o Eduardo é apenas um “ embaixador “ com a função de relembrar as pessoas de sua atuação.
Oi ? 😂
E tem mais.
Diz ele que… pic.twitter.com/DznPss2Deu— 𝒯𝓈𝓊𝓀𝒾 ☭⃠ (@Fa1ryNight) July 25, 2025
Na semana anterior, o próprio Bolsonaro também foi ouvido pela PF. Ele confirmou que participou da reunião com Do Val e Silveira, mas negou qualquer discussão sobre tentativa de golpe ou plano contra o ministro do STF.
A defesa de Daniel Silveira reagiu afirmando que Marcos do Val carece de credibilidade para fazer acusações, citando as várias mudanças de versão. Os advogados sustentam ainda que o encontro com Bolsonaro foi solicitado pelo próprio senador, que teria pedido a Silveira para intermediar a reunião.
O senador deixou o Brasil por Manaus com passaporte diplomático, embora esteja sob medidas cautelares determinadas pelo STF, incluindo o bloqueio de seus documentos de viagem.
Ele alega que a saída foi informada ao Supremo, ao Itamaraty e ao Senado, mas documentos disponíveis não indicam autorização formal de Moraes — que, aliás, indeferiu expressamente o pedido em 16 de julho.
Sua chegada aos EUA incomoda setores da extrema direita brasileira no exterior, que vinham atuando junto a senadores republicanos e órgãos diplomáticos. Há o temor de que o senador exponha a operação liderada por Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, comprometendo a narrativa em construção.
Ele foi tratado como louco. @marcosdoval
Dormiu nos bancos do Senado.
Foi perseguido e humilhado por Alexandre de Moraes.
Hoje, Marcos Duval está nos EUA, com passaporte diplomático, ao lado de Marco Rubio. @SecRubio
E Moraes? Vistos cassados.
O humilhado foi exaltado. E o… pic.twitter.com/mklwnN2Xw3— Arlete Caetana (@ArleteCaetana) July 25, 2025
Até o momento, nem a Polícia Federal nem o Itamaraty se manifestaram oficialmente sobre a saída do senador do país, apesar de decisão judicial em vigor. O gesto, porém, evidencia o enfraquecimento do controle sobre investigados por atos golpistas e, ao mesmo tempo, lança dúvidas sobre a articulação política do bolsonarismo em Washington.