Golpistas temem que Marcos do Val atrapalhe articulação nos EUA

Atualizado em 25 de julho de 2025 às 8:49
Marcos do Val

A viagem do senador Marcos do Val (Podemos-ES) para os Estados Unidos, contrariando decisão do ministro Alexandre de Moraes, provocou desconforto entre aliados de Jair Bolsonaro envolvidos em articulações no exterior.

Golpistas que atuam para convencer autoridades americanas a aplicar a Lei Magnitsky contra Moraes veem a presença de Do Val em Washington como um possível “elemento desestabilizador” dessas negociações.

O senador é considerado totalmente biruta e já deu demonstrações de confusão mental públicas em lives alopradas.

Em 2023, do Val depôs à Polícia Federal no inquérito que apurava um suposto plano para gravar Moraes, com o objetivo de anular as eleições presidenciais de 2022.

No primeiro depoimento, afirmou que a proposta foi discutida em uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro e Silveira. Segundo o senador, Bolsonaro permaneceu em silêncio durante a conversa e, em nenhum momento, demonstrou rejeição à ideia ou a desautorizou.

Desde então, Marcos do Val apresentou diferentes versões do episódio. Em abril daquele ano, reafirmou que a proposta partiu de Daniel Silveira e voltou a destacar a omissão de Bolsonaro durante o encontro.

Na semana anterior, o próprio Bolsonaro também foi ouvido pela PF. Ele confirmou que participou da reunião com Do Val e Silveira, mas negou qualquer discussão sobre tentativa de golpe ou plano contra o ministro do STF.

A defesa de Daniel Silveira reagiu afirmando que Marcos do Val carece de credibilidade para fazer acusações, citando as várias mudanças de versão. Os advogados sustentam ainda que o encontro com Bolsonaro foi solicitado pelo próprio senador, que teria pedido a Silveira para intermediar a reunião.

O senador deixou o Brasil por Manaus com passaporte diplomático, embora esteja sob medidas cautelares determinadas pelo STF, incluindo o bloqueio de seus documentos de viagem.

Ele alega que a saída foi informada ao Supremo, ao Itamaraty e ao Senado, mas documentos disponíveis não indicam autorização formal de Moraes — que, aliás, indeferiu expressamente o pedido em 16 de julho.

Sua chegada aos EUA incomoda setores da extrema direita brasileira no exterior, que vinham atuando junto a senadores republicanos e órgãos diplomáticos. Há o temor de que o senador exponha a operação liderada por Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo, comprometendo a narrativa em construção.

Até o momento, nem a Polícia Federal nem o Itamaraty se manifestaram oficialmente sobre a saída do senador do país, apesar de decisão judicial em vigor. O gesto, porém, evidencia o enfraquecimento do controle sobre investigados por atos golpistas e, ao mesmo tempo, lança dúvidas sobre a articulação política do bolsonarismo em Washington.