O Google e a Meta fizeram uma operação de pressão e ameaça para derrubar o Projeto de Lei 2630, mais conhecido como PL das Fake News, da pauta do Congresso Nacional. As informações são do Estadão.
Em 14 dias, as duas empresas e outras big techs atuaram para convencer deputados a se posicionarem contra a proposta, com ameaças de retirar conteúdo das redes sociais e disseminação de uma campanha de ataques aos perfis deles.
Segundo um monitoramento realizado pelo Estadão, a pressão imposta por essas empresas fez com que pelo menos 33 deputados mudassem de posicionamento entre a aprovação do requerimento de urgência, dia 19 de abril, e a retirada de pauta, em 2 de maio.
Um site, hospedado nos Estados Unidos, foi aberto para mostrar o voto de cada um dos parlamentares. Os internautas foram convencidos a mandar mensagens para aqueles que se diziam a favor ou ainda não tinham se colocado claramente contra.
A atuação do Google contra o PL se transformou em uma investigação da Polícia Federal. O representante da empresa, Marcelo Oliveira Lacerda, diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas da empresa, admitiu que a empresa gastou R$ 2 milhões na campanha contra o projeto. No depoimento, Lacerda alegou que, no início, a big tech queria apenas expor o que estava em discussão, mas que o Google foi além.
A empresa chegou a incluir da barra de pesquisa do buscador um link para um texto com o título “O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”.
A mobilização começou em 19 de abril, quando o projeto começou a ser chamado de “PL da Censura”. As empresas estrangeiras montaram uma operação online e offline.
Nos gabinetes, lobistas convenciam deputados a recuar. Nas redes, as plataformas fizeram campanhas abertas contra o projeto e deram voz a internautas para pressionar os deputados que se posicionaram a favor ou estavam indecisos sobre a proposta.
Dirigentes do Google e da Meta estiveram presencialmente na Câmara. Registros internos mostram que Marcelo Lacerda esteve cinco vezes na Casa nesse período. Uma delas foi no dia 25 de abril, durante a votação da urgência do projeto, quando chegou às 16h10. Após o adiamento da análise do mérito pelo plenário, Lacerda foi outras três vezes à Câmara.
Os diretores da Meta Kaliana Puppi Kalache e Murillo Delgado Laranjeira também estiveram na Câmara durante as discussões sobre o PL. Kalache informou que iria ao “plenário 11” no dia 27 de abril, quando acessou a Câmara. No local, porém, não havia nenhuma reunião ou audiência pública naquele dia, de acordo com a agenda da Casa. Já Laranjeira foi oito vezes ao local entre março e maio.
Veja quem são os deputados que mudaram o voto:
Adail Filho (Republicanos-AM)
Adolfo Viana (PSDB-BA)
Alexandre Guimarães (Republicanos-TO)
Aluisio Mendes (Republicanos-MA)
Amaro Neto (Republicanos-ES)
Antônia Lúcia (Republicanos-AC)
Bebeto (PP-RJ)
Cleber Verde (MDB-MA)
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Cobalchini (MDB-SC)
Fausto Santos Jr. (União-AM)
Fred Linhares (Republicanos-DF)
Gabriel Mota (Republicanos-RR)
Geraldo Mendes (União-PR)
Gilberto Abramo (Republicanos-MG)
Gilvan Maximo (Republicanos-DF)
Gutemberg Reis (MDB-RJ)
Icaro de Valmir (PL-SE)
Jorge Braz (Republicanos-RJ)
José Nelto (PP-GO)
Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF)
Lafayette de Andrada (Republicanos-MG)
Luciano Vieira (PL-RJ)
Luis Carlos Gomes (Republicanos-RJ)
Marangoni (União-SP)
Marcos Pereira (Republicanos-SP)
Maria Rosas (Republicanos-SP)
Marussa Boldrin (MDB-GO)
Robinson Faria (PL-RN)
Rogéria Santos (Republicanos-BA)
Sargento Portugal (Podemos-RJ)
Silas Câmara (Republicanos-AM)
Vicentinho Júnior (PP-TO)
Wilson Santiago (Republicanos-PB)