Google e Meta derrubaram PL das Fake News em 14 dias com pressão e ameaça; entenda

Atualizado em 26 de junho de 2023 às 14:07
Montagem de fotos das fachadas do Google e da Meta
Sedes do Google e Meta. Foto: Reprodução

O Google e a Meta fizeram uma operação de pressão e ameaça para derrubar o Projeto de Lei 2630, mais conhecido como PL das Fake News, da pauta do Congresso Nacional. As informações são do Estadão.

Em 14 dias, as duas empresas e outras big techs atuaram para convencer deputados a se posicionarem contra a proposta, com ameaças de retirar conteúdo das redes sociais e disseminação de uma campanha de ataques aos perfis deles.

Segundo um monitoramento realizado pelo Estadão, a pressão imposta por essas empresas fez com que pelo menos 33 deputados mudassem de posicionamento entre a aprovação do requerimento de urgência, dia 19 de abril, e a retirada de pauta, em 2 de maio.

Um site, hospedado nos Estados Unidos, foi aberto para mostrar o voto de cada um dos parlamentares. Os internautas foram convencidos a mandar mensagens para aqueles que se diziam a favor ou ainda não tinham se colocado claramente contra.

A atuação do Google contra o PL se transformou em uma investigação da Polícia Federal. O representante da empresa, Marcelo Oliveira Lacerda, diretor de Relações Governamentais e Políticas Públicas da empresa, admitiu que a empresa gastou R$ 2 milhões na campanha contra o projeto. No depoimento, Lacerda alegou que, no início, a big tech queria apenas expor o que estava em discussão, mas que o Google foi além.

A empresa chegou a incluir da barra de pesquisa do buscador um link para um texto com o título “O PL das fake news pode aumentar a confusão sobre o que é verdade ou mentira no Brasil”.

A mobilização começou em 19 de abril, quando o projeto começou a ser chamado de “PL da Censura”. As empresas estrangeiras montaram uma operação online e offline.

Nos gabinetes, lobistas convenciam deputados a recuar. Nas redes, as plataformas fizeram campanhas abertas contra o projeto e deram voz a internautas para pressionar os deputados que se posicionaram a favor ou estavam indecisos sobre a proposta.

Dirigentes do Google e da Meta estiveram presencialmente na Câmara. Registros internos mostram que Marcelo Lacerda esteve cinco vezes na Casa nesse período. Uma delas foi no dia 25 de abril, durante a votação da urgência do projeto, quando chegou às 16h10. Após o adiamento da análise do mérito pelo plenário, Lacerda foi outras três vezes à Câmara.

Os diretores da Meta Kaliana Puppi Kalache e Murillo Delgado Laranjeira também estiveram na Câmara durante as discussões sobre o PL. Kalache informou que iria ao “plenário 11” no dia 27 de abril, quando acessou a Câmara. No local, porém, não havia nenhuma reunião ou audiência pública naquele dia, de acordo com a agenda da Casa. Já Laranjeira foi oito vezes ao local entre março e maio.

Veja quem são os deputados que mudaram o voto:

Adail Filho (Republicanos-AM)

Adolfo Viana (PSDB-BA)

Alexandre Guimarães (Republicanos-TO)

Aluisio Mendes (Republicanos-MA)

Amaro Neto (Republicanos-ES)

Antônia Lúcia (Republicanos-AC)

Bebeto (PP-RJ)

Cleber Verde (MDB-MA)

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Cobalchini (MDB-SC)

Fausto Santos Jr. (União-AM)

Fred Linhares (Republicanos-DF)

Gabriel Mota (Republicanos-RR)

Geraldo Mendes (União-PR)

Gilberto Abramo (Republicanos-MG)

Gilvan Maximo (Republicanos-DF)

Gutemberg Reis (MDB-RJ)

Icaro de Valmir (PL-SE)

Jorge Braz (Republicanos-RJ)

José Nelto (PP-GO)

Julio Cesar Ribeiro (Republicanos-DF)

Lafayette de Andrada (Republicanos-MG)

Luciano Vieira (PL-RJ)

Luis Carlos Gomes (Republicanos-RJ)

Marangoni (União-SP)

Marcos Pereira (Republicanos-SP)

Maria Rosas (Republicanos-SP)

Marussa Boldrin (MDB-GO)

Robinson Faria (PL-RN)

Rogéria Santos (Republicanos-BA)

Sargento Portugal (Podemos-RJ)

Silas Câmara (Republicanos-AM)

Vicentinho Júnior (PP-TO)

Wilson Santiago (Republicanos-PB)

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